Segundo o Apostolo Tiago, "a verdadeira religião, que agrada a Deus, o Pai, é esta: cuidem dos necessitados e desamparados que sofrem [...]"outra tradução diz que é "visitar os órfãos e as viúvas em suas necessidades" - Epístola de Tiago 1:26-27.
Uma das minhas criticas à igreja é sua capacidade de enriquecer e de deixar de lado os seus pobres. Infelizmente o que mais vemos são instituições que gastam muitos milhões dos dízimos e ofertas recolhidos, com programas que nada tem a ver com a manifestação do Reino de Deus. Gasta-se muito para estar no radio, na TV, com grandes eventos tidos como evangelísticos, mas que não tem foco nenhum na melhoria do mundo e da sociedade. Suas campanhas de milagres-marketing chamam a atenção das massas, porém pouquíssimas coisas são realizadas para auxiliar os que sofrem. Sem contar no abuso de pregações ofensivas àqueles que não tem com que "pagar" os dízimos e ofertas, pois correm o risco de não ter o pão diário, mas que persuadidos pela "fé" ou "necessidade" acabam entregado tudo o que tem pelo medo de serem amaldiçoados por um deus que barganha seus favores.
Porém, quando falo de igreja, não digo apenas da igreja institucionalizada, falo também e muito mais da igreja individuo, eu e você, que oramos pedindo prosperidade para gastar com aquilo que não é pão, e por isso é indivisível. O corpo de Cristo se amoldou demais a instituição, nos tornamos individualistas, suficientes em nós mesmos. A graça que nos bastava foi trocada pela prosperidade deste mundo. Cantamos pedindo "preciso de uma benção não vou desistir, sem ela eu não vou sair daqui" e em contra partida o Espirito nos diz: "esqueçam-se de vocês o suficiente para estender as mãos e ajudar" [Filipenses 2:4].
Realmente não há nada novo debaixo do sol, continuamos a praticar os mesmos erros, tentando passar um camelo pelo buraco da agulha, e não observando a simplicidade do evangelho.
Ficamos extasiados ao ouvir os milagres realizados em regiões inóspitas onde missionários quase sem nenhum auxilio vivenciam por amor ao Evangelho. Choramos e clamamos por arrependimento devido a nossa omissão e entregamos alguma quantia de dinheiro para auxilia-los, e após a benção final do culto, já esquecemos.
Não nos damos conta que a Africa é logo aqui: aqui nas prisões, nos bairros periféricos, na cracolândia, nos orfanatos e casas de repousos. Aqui onde pessoas amadas por Jesus foram abandonadas por seus familiares e esquecidos pela sociedade. Aqui onde pela correria do dia-dia damos a desculpa de não conseguirmos visitar. Aqui onde a troca maior não será a financeira, mas a de amor e afeto. Aqui onde Cristo é manifesto nos seus pequeninos.
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Esta semana visitei com os jovens da igreja um abrigo para crianças abandonadas e em situação de risco, que o grupo adota há alguns anos. Eu sempre era impedido ou dava a desculpa de ter um outro afazer mais importante ou urgente, mesmo que fosse apenas "limpar a casa". Eu que há uns 10 anos, "sentia" de Deus o chamado para fazer missões na Africa, uma desculpa criada para fugir de mim mesmo. Mas após uma revolução na minha vida, fui enviado para outra Africa.
Minha Africa é uma comunidade chamada Betesda, que embora tenha problemas e defeitos, se preocupa mesmo que timidamente com a comunidade de Jesus dentro e fora dos templos. Uma comunidade que está quebrando seus próprios paradigmas e paradigmas antigos da religião para viver o amor genuíno de Jesus. Uma comunidade que prega e busca viver o "Unbutu" embora com muitas dores. Uma comunidade Africa que busca outras Africas.
Particularmente foi um desafio à "viver o que prego" e um resgate ao chamado para mais uma vez "me" encontrar NEle.
* Unbutu, é uma filosofia africana das tribos de língua Zulu e Xhosa que determina a capacidade humana de compreender, aceitar e tratar bem o outro, Exprime a consciência da relação entre o individuo e a comunidade, isto é, trata-se do individuo buscando o seu melhor de maneira que a comunidade também se desenvolva. Portanto o conceito exprime a crença na comunhão que conecta toda a humanidade: "Sou o que sou graças ao que somos todos nós".