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domingo, 11 de dezembro de 2016

COLCHA DE RETALHOS

Somos uma colcha de retalhos
Alta costura celestial

Diferentes cores,
Diferentes texturas,
Diferentes tamanhos,
Diferentes historias,
Indivíduos.

De tantos lugares,
De tantas alegrias
De dores escondidas,
Saberes, sabores.

Somos um colcha de retalhos
Do evangelho legalista, histórico, pentecostal,
Da prosperidade, católico romano, espirita, ateu.

Unidos pela dor, unidos pelo amor,
Por um evangelho, uma utopia,
Sonho de Deus que, como um nos uniria.

Da Babel distante, confusão,
Do Espirito reinantes, comunhão.

Somos uma colcha de retalhos
com cordas de amor entrelaçados
fios de sangue que Ele verteu.

Somos uma colcha de retalhos
pelo próprio Deus costurados
para aquecer os sonhos seus.


Poema escrito para a apresentação no 1º Sarau da Comunidade Cristã - Zona Leste.
Realizado em 03/12/2016.


terça-feira, 27 de setembro de 2016

MOVIMENTO

Em 2010 iniciei um processo de rompimento com o movimento evangélico, além de questões teológicas estavam envolvidas também questões pessoais. Porém neste processo de rompimento, seja ele em qual segmento for e não importam os argumentos, quem se exclui tende a aumentar não somente as críticas, mas a intolerância a qualquer contra argumento que façam em defesa de tal segmento, em resumo, o que não fazem é ruim e o que fazem não presta.

Interessante notar que pouco mudou em milhares de anos, o homem permanece atacando àqueles que enxergam o mundo de forma diferente. Acreditou-se que os ideais do Iluminismo trariam nova luz à razão e a renovação aos corações e, que a separação Igreja e Estado reduziria a violência causada por questões filosóficas, científicas e políticas.

Várias gerações lutaram para estancar o sangue que corria nas ruas, mas a hemorragia permanece, agora jorrando das telas de nossos computadores e smartphones. Nosso momento histórico revela uma geração diversa em muitos sentidos - cultural, sexual, ideológica, religiosa, etc. - mas que ainda não aprendeu a conviver com a diversidade, seja ela qual for. Uma sociedade plural que teima em ser singular.

Se alguém se diz avesso ao feminismo, é tachado de machista; se comunga com os ideais de esquerda, é socialista, comunista ou pior petralha; se torce para qualquer outro time, não importa qual, é anticorinthiano. A intolerância é tanta que, concordar com algo implica diretamente em "ser", "não ser" ou "ser contra" várias outras coisas. E o termômetro que nos mostra o grau desta febre de movimentos antagônicos são os comentários  nos artigos das agencias de noticias e nas diversas redes sociais. A cada nova postagem da "minha opinião" ou do "só li verdades" causam, além de debates homéricos, indiretas bem diretas, bullying  e um série de amizades desfeitas. A violência psicocibernética ganha espaço, sai da nossa mente e coração e ganha as redes e o mundo a assite de camarote. Banalizamos a violência nas redes, assim, podemos permanecer violentos, causando dor sem sofrer as consequências, pois esta não consta nas estatísticas e mapas da violência e crimes das ruas e podemos nos esconder atrás de perfis falsos.

Em um destes sábados preguiçosos em que você liga a TV em qualquer canal despreocupado com o que passa, deparei-me com uma entrevista com Fernanda Montenegro, atriz brasileira consagradíssima, dizia ela a este respeito: "radicalize mas não feche a porta". A frase me fez muito sentido e é o motivo deste texto.

Jesus, um radical em sua época, não fechou as portas. Critico feroz dos religiosos e do império e seus poderes, não virou as costas a Nicodemos, sumo-sacerdote e ao centurião romano com a filha a ponto da morte. A inimizade dos judeus em relação aos samaritanos não o impediu de levar água da vida para uma mulher sofrida. Jesus, fica claro, era contra sistemas de opressão, não contra as pessoas. Não destruiu o judaísmo e construiu uma nova religião, mas sim, criou uma rede de fraternidade e amor, que libertava da opressão dos movimentos e sistemas de poder instituídos.

E seis anos depois, após ter ficado três anos longe da igreja, e muito mais nestes dias de polarização politica e ideológica, que esta dividindo famílias, amigos e muita gente que tem o mesmo objetivo - um pais melhor - percebo que não precisamos concordar com tudo, a diversidade de pensamento, o questionamento e busca de novas respostas que se adequem a novas realidades é o que impulsionar o progresso e o desenvolvimento.

Todo movimento ideológico ou politico, existe para o bem das pessoas, o problema começa a existir quando este movimento se acha superior à outros, buscando uma hegemonia através do poder absoluto e ditatorial, e nesta busca, passe por cima das pessoas, subjugando e oprimindo os divergentes.

Então, seja você petralha, coxinha, feminista, do movimento do poder negro, socialista, comunista ou de extrema direita, é hora de rever seus argumentos e conceitos quando o sistema que você defende ficar acima ou contra humanos. Nada neste mundo precisa de nossa defesa com unhas e dentes senão a própria humanidade. Movimento algum salvará a humanidade, mas o homem pode estender suas mãos e ajudar o seu próximo, por isso, não se exclua.

Sobre o movimento evangélico, ainda tenho muitas divergências e busco respostas melhores que se adequem a minha visão do mundo e do que entendo por religião. Não me perco mais em  debates com quem ainda precisa do que ele oferece. A parte que me cabe é amar e este passa pelo respeito as diferenças.

sábado, 10 de setembro de 2016

A HISTORIA POR TRÁS DA HISTÓRIA

A dica de leitura deste mês ficam por conta destes dois livros que desmistificam a história que nos contam, abrindo um horizonte para novas interpretações e possibilidades:

1. Um Deus muito Humano
Frei Betto
Busca revelar o Jesus homem, histórico, politico, que lidou com problemas e pessoas reais e, que antes de se intitular o Filho de Deus, revelou o amor do Pai e seus desígnios de forma surpreendente. Quem é o Jesus que acreditamos? Qual a razão dos milagres? Muito além da fé, há fatos históricos que desconhecemos e que nos ajudam a perceber que os evangelhos não revelam apenas o milagre da encarnação, mas a preocupação de Deus com o dia-a-dia daqueles que são oprimidos e sofrem, e por isso são chamados de filhos de Deus.




2. Campos de Sangue "Religião e a história da violência"
Karen Armstrong
É notório que atualmente, todas as guerras são justificadas por motivos religiosos. Mas será mesmo?
De forma muito simples mas profunda, Karen desnuda a historia da humanidade e coloca todos os pingos nos is, revelando como a Aristocracia fez uso da religião para se manter no poder e justificar suas guerras como sendo guerras de Deus. Do homem primitivo e caçador, passando pelos povos Sumérios até à queda de Saddam Hussein na guerra ao terror travada pelos EUA, a autora desvenda como questões sociais, manipulação e desejo de poder, podem desencadear uma guerra santa.


Recomendadíssimos.

sábado, 25 de junho de 2016

AS TRANSFORMAÇÕES DA MPB

Conheço a Patricia, autora do livro e, consigo perceber nas poucas vezes em que conversamos, que ela é uma mulher destemida e de pontos de vista muito bem estruturados e definidos. Mestra em Ciências Sociais e graduada em Educação Artística, foi professora da rede pública em bairros carentes da periferia de São Paulo. Mas foi da experiência em sua própria família que nasceu a ideia de falar sobre o racismo estrutural no Brasil.

E o livro "As transformações da MPB - Um processo de branqueamento?" levanta questionamentos  preciosíssimos e ousados de como as estruturas de poder se movimentam para excluir os negros no que tange a visibilidade de sua arte, dando ao brancos os créditos de suas criações.

Longe de acusar pessoas, o que seria um risco, e esta ai a ousadia de tratar deste tema, avaliando o contexto histórico da criação da Bossa Nova e da Jovem Guarda, Patricia levanta questões de doutrinamento social em prol da criação de uma sociedade americanizada e elitista para que o mundo tenha uma visão de um Brasil que não existe. Cria-se uma democracia social que na verdade é uma maquiagem para a verdade e, que está explicita e neste tempo se mostra cada vez mais, o Brasil é um pais RACISTA.

Em palestra no lançamento do livro, realizada aos Jovens de uma comunidade religiosa na Zona Leste de São Paulo, a autora sinaliza que o processo não parou por ai, e envolve a esfera de outros ritmos musicas incluindo o Rock e até o pagode.

Recomendo a leitura, ansioso pelos próximos volumes.

As transformações da MPB - Um processo de branqueamento?
Autora Patricia Crepaldi
Editora Multifoco
Pg. 134

O DEUS QUE ME TOCA A PELE

Nada mais sugestivo que um livro religioso com este titulo em um mundo onde o corpo é tido como morada de todos os mais vis desejo s e das obras da carne do que como o templo do Espírito Santo. Onde os sentimentos, sensações de prazer, tristeza, alegria, dor, entre outros,, são reduzidos  a um coração enganoso e, por isso, não podem ser meio de um encontro com o divino. Uma inversão dos valores cristãos que há muito vem descaracterizando o evangelho de Jesus e criando cristão egoístas, robotizados em seus pensamentos e desumanizados.

O pastor da Igreja Betesda em Fortaleza, cantos e compositor com dois CDs lançados, coloca neste livro, em palavras e poesias toda a ousadia que já permeiam suas pregações e reflexões. Um olhar humano e por isso mais divino em cada releitura das historia bíblicas, que cheias de detalhes importantíssimos,  foram maculadas por interpretações dirigidas por uma visão distorcida da divindade e seu relacionamento com os homens.

Uma leitura que emociona ao perceber o amor de Deus e o seu cuidado para que o homem se encontre com a imagem e semelhança de seu Criador, sem descaracterizar o valor de sua humanidade. Um retorno a inocência das relação - Deus e homem - maculada pela sedução da serpente.

A cada capitulo esta percepção do Deus que nos toca a pele vai crescendo até culminar no Deus que se faz humano, e experimenta os sentimentos, saberes, sabores de uma existência onde Deus é Emanuel, que caminha com a gente e se preocupa com nossa vida hoje.

Recomendo a leitura.

O Deus que me toca a pele.
Autor Marcio Cardoso
Editora Chiado
Pg. 183

sábado, 11 de junho de 2016

MAY

Maio é geralmente o mês que mais leio. Será que é porque é o mês do meu aniversário e consequentemente ganhe livros? Isso não importante tanto, mas as dicas de livros deste mês sim.

O fio das missangas
Mia Couto

Nunca tinha lido Mia Couto, comecei a me interessar desinteressadamente quando uma conhecida começou a pesquisa-lo para um trabalho de finalização de curso. Ela fazia comentários sobre o autor, publicava contos, fotos, vídeos, mas não foi o bastante para me interessar até uma outra amiga fazer uma venda de alguns livros a preços maravilhosos e acabei comprando. Para mim,  Mia Couto esta para a puberdade, sensualidade como Rubem Alves esta para a infância, espiritualidade. Mia fala sobre as coisas da vida, sua crueldade, a luta de gente pobre e suas mazelas, mas de forma bela e atraente. Vale a pena conferir o livro, mas aviso que o primeiro conto e chocante.


Metamorfose
Franz Kafka

Um livro que se tornou um clássico, uma historia repugnante e comovente. Me surpreendi com o livro, muito mais que a historia de um rapaz que vira "barata" o drama familiar e a forma com que eles lidam com o diferente é retratado de forma maravilhosa.  Além da questão pessoal do autor com o pai, que fica retratada nas entrelinhas do livro. Recomendo.




Madame Bovary
Gustave Flaubert

 Uma leitura das que não gosto muito, não tenho muita paciência para descrições detalhistas e intermináveis, mas por ser um clássico resolvi me esforçar a ler, mesmo que lentamente para conseguir ter paciência. A historia é interessante e foi um marco em sua época, sendo inclusive o autor processado por atentado a moral e bons costumes ao criticar de forma tão verdadeira algumas questões de sua época. Chama a atenção a linha psicológica traçada com perfeição da personagem principal, suas angustias, aflições e anseios, seus desejos e aspirações.


Boa leitura!!

sábado, 28 de maio de 2016

QUEM DERA, UM DIA

Quem me dera que um dia
Tenha oportunidade
Viver amor de verdade
Que seja minha companhia

na tristeza, na alegria
sem frescura, sem vaidade.

Que apenas em um momento
seu olhar de verdade
Aqueça meu coração e
segure minha mão
caminhando em liberdade
Ser apenas o que sou.
sem disfarçar o nosso amor, ter cumplicidade.
Essa vida é só um momento, passagem de pensamento diante da infinidade.


Texto de Mari Marinalva.
Publicado com autorização -  texto inspirado em uma declaração feita por meu marido em meu aniversário (27/05/16)

quinta-feira, 26 de maio de 2016

AH, MAS OS HOMENS TÊM QUE USAR GRAVATAS

Em Londres, uma recepcionista foi mandada pra casa por sua empresa, por se recusar a trabalhar de salto alto. A notícia se espalhou e sociedade inglesa colocou o tema em debate. Ah, mas os homens têm que usar gravata. Na sociedade tradicional do Brasil varonil, mulheres devem andar bem vestidas, de preferência usando salto. Ah, mas os homens têm que usar gravata.

Mulheres devem ser magras, elegantes, suficientemente sensuais, suficientemente recatadas, montadas no salto, depiladas, escovadas, com cada fio branco devidamente pintado, não podem ter olheiras nem usar um corretivo vagabundo que acentue as marcas de expressão. Não devem esquecer o rímel, nem o batom, que também não deve ser vermelho pra não ficarem parecendo vadias. Que a roupa seja atraente mas não marque muito o corpo, porque senão fica vulgar, mas também não pode ser muito fechada, senão fica muito pudica, fica feia. A mulher tem que pintar as unhas. Tirar cutículas. Depilar o buço. Pinçar as sobrancelhas. Cuidar da dieta. Malhar. Ler, porque nada mais chato do que mulher que não tem assunto. Tem que ter assunto, mas não pode falar muito, senão assusta o homem. Ah, mas os homens têm que usar gravata.

As casadas têm que ser esposas cuidadosas, têm que olhar as coisas da casa, têm que ser boas mães e ainda preparar surpresinhas para “segurarem” o marido. Mulheres devem aceitar cantadas na rua como agradáveis. Se forem bonitas e fecharem a cara, pode parecer que são metidas. Se forem “feias” e ainda assim fecharem a cara, podem parecer mal agradecidas. Mulheres estão na rua para enfeitar o mundo dos homens. E precisam estar impecáveis, porque eles vão olhar e vão cantar. Ah, mas os homens têm que usar gravata.

Mulheres têm jornada dupla: uma em casa pra não serem acusadas de desleixo, outra fora de casa para que não sejam chamadas de dondocas preguiçosas sustentadas pelo seus homens. Aliás, mulheres têm que ter um homem. Senão são encalhadas, mal amadas e não cumpriram seu grande papel social, que é o de se casar e ter filhos. E cuidar dos filhos. E mantê-los limpos, educados, finos, elegantes e não-sinceros. Polidos. Ah, mas os homens têm que usar gravata.

Mulheres não podem reclamar dessas coisas, porque é feio ficar de mimimi. Pois quer saber? Manda logo esse raio de gravata pra cá, deixa que eu uso. E vá você pra minha depilação, pro meu cabelereiro
, vá você tomar cantada na rua quando você não está a fim, vá você ser chamado de burro, de histérico, vá você subir no salto que eu não quero usar pra trabalhar e fique com ele o dia inteiro. Vá você ser chamado de vadio, de vagabundo, vá ser ameaçado de estupro, vá ser ridicularizado quando dá sua opinião sobre qualquer coisa. E não reclame. Não me venha com mimimi.

Dê cá essa sua gravata. E também a oportunidade de ser selecionada para o seu cargo e o seu salário. E leve consigo o meu pacote.

Ana Cris Gontijo.
Publicado com autorização.

domingo, 8 de maio de 2016

SER SALVO PARA SER HUMANO

Com menos de 80 páginas e uma linguagem simples e objetiva, Laercio Amorim de forma muito ousada e instigante, literalmente põe a pulga atrás da orelha questiona a doutrina da salvação. Longe do lugar comum onde se encontram a maioria dos cristãos protestantes (evangélicos), o livro faz uma analise do conceito de pecado, salvação, paraíso e o pós morte.

Como um professor querendo se fazer entender claramente, mas desejando que o aluno se interesse, se aprofunde e levante seus próprios questionamentos e argumentos, o livro tem aquele sabor de quero mais e o desejo de se aprofundar nos temas só aumenta a cada capitulo.

Laercio fala de uma salvação para o aqui e agora, uma salvação que nos faz perder de vista o Paraíso e nos firma os pés no Reino dos Céus estabelecido entre os homens. Uma salvação que nos afasta do ideal utópico de perfeição e nos desperta para a nossa humanidade, pois o erro de alvo de Adão e Eva foi "querer ser igual a Deus" desprezando que foram criados a sua imagem e semelhança.

Ser salvo para ser humano fala da plenitude da salvação para o hoje, para o nosso tempo, fala de uma salvação não somente para si mas que nos leva em direção ao outro.

Recomendo a leitura para você que gosta de ser desafiado em suas crenças e fé.
Seria uma maravilha ele fazer palestras sobre o tema.

Ser Salvo para Ser Humano
Autor: Laercio Amorim
Fonte Editorial


segunda-feira, 4 de abril de 2016

MATURIDADE: MEU CORPO MINHAS REGRAS

Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo; Mas está debaixo de tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo. Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei para  remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo. - Gálatas 4:1-7

Como já vimos nos dois primeiros textos sobre o tema maturidade, entendemos que a maturidade, não está relacionada ao tempo de vida, mas sim, às experiências vividas no tempo. E no texto acima Paulo descreve que, Deus aguardou até a plenitude dos tempos, para revelar-se de uma forma totalmente nova e diferenciada. Deus em sua sabedoria aguardou pacientemente para que Israel aprendesse com todas as experiências dolorosas que sofreu, que Deus é bondoso e amoroso.

Paulo, nos dá um relato simples, mas simbólico do processo de maturidade que passou a humanidade, do seu tempo de menino sob tutela até a maturidade:

1. Infância: Adão e Eva por ter uma visão equivocada do mundo e de Deus:

Como crianças mimadas enganadas pelos presentes que ganham, ao se verem num jardim criado para eles, acreditaram que deveriam ter tudo, inclusive ser "como Deus" - conhecedores do bem e do mau e tomaram da árvore que Deus havia dito que pertencia a Ele.

"Deus não nos ama e esta pronto para nos punir, por isso, devemos fazer tudo para não deixá-lo mais zangado que já é".

2. Escola: É o período dos patriarcas, juízes, reis e profetas. Onde a Lei é dada, pois a criança precisa de balizadores para seu comportamento, o faça assim e não assim é imprescindível para mantê-las em disciplina. Porém já era dado indícios da necessidade de pensarem por si só. 

"De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados". - Gálatas 3:24

3. Plenitude dos tempos: Em Jesus, Deus desfaz todo o equivoco sobre sua imagem de velho rabugento e irado, e mostra toda a sua face amorosa, adotando toda a humanidade como filhos legítimos, pelo Espirito que clama Aba-Pai!

A plenitude dos tempos, é este tempo de maturidade, onde regras e preceitos não são mais necessários, e sim, uma nova forma de viver e encarar o mundo. É como se Cristo estivesse reivindicando: "MEU CORPO, MINHAS REGRAS".

Em várias referencias dos evangelhos, Jesus se utiliza de uma frase aparentemente simples, mas repleta de simbolismo: "Eu porém vos digo"; Antes de apenas simbolizar que com sua morte e ressurreição, a Lei seria cumprida e por isso abolida (Romanos 10:4), Jesus chama a atenção do povo para uma espiritualidade mais profunda, isto é, que excedesse o legalismo excessivo dos escribas e fariseus que priorizavam a lei antes da vida (Mateus 5:20). O que é também testificado pelo autor da carta aos Hebreus:

Porque se aquela primeira - Lei - fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda (...) Porque repreendendo-os lhes diz: (...) estabelecerei uma nova aliança (...) porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei (...) porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e prevaricações não me lembrarei mais. Dizendo nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar. - Hebreus 8:7-13

A obra que estava por ser realizada por Jesus, por meio de sua morte e ressurreição, estabeleceria um novo tempo, onde não caberia legalismos, e sim, uma fé que atua pelo amor, pois o amor é o cumprimento da Lei. (Romanos 13:10).  


4. Meu corpo, minhas regras: Mesmo após o clamor do Espirito Santo a Pedro para este entendimento, de que em Jesus até os gentios seriam salvos pela fé, sem as obras da lei (Atos 10 ), e não havendo entendimento por ele, mas dissimulação; Paulo entende que foi chamado para evangelizar os gentios (Gálatas 2). E a partir de então, nos chama ao despertamento para esta nova realidade. Em diversos trechos de suas cartas, ele convoca a igreja, a vivenciar esta maturidade, a deixar de lado os preceitos de homens e experimentar a nova vida em Cristo.

"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor" - Efésios 4:11-16

Paulo nos desafia a uma experiência de fé, em comunidade e em amor, sinalizando que nosso crescimento espiritual virá desta experiência até que cheguemos a estatura de Cristo, devendo então, buscar ardentemente o alimento espiritual necessário para isto.

A questão é, onde se perdeu toda esta busca por maturidade solicitada por Paulo que o faz clamar:  "Quem vos fascinou insensatos Gálatas, para não obedecerdes a verdade (...) tendo começado pelo espírito, acabeis agora pela carne?".

1. Na negligencia do homem com as coisas espirituais.

"Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os adultos, os quais, em razão da prática, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal." - Hebreus 5:11-14

O autor da carta inicia dizendo que tem mais a falar sobre a obra de Cristo, coisas mais profundas, entretanto o povo era negligente ao ouvir. Isto é, não davam a devida importância ou atenção, eram preguiçosos e desleixados no ouvir a palavra, e isso impossibilita o crescimento da fé. "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Romanos 10:17). Paulo, ainda afirma em Romanos 10 que, por desconhecerem a justiça de Deus, procuramos estabelecer nossa própria justiça, negando a justiça que vem de Cristo. O motivo de tal debilidade era consequência direta de serem ouvintes tardios em colocar em pratica a palavra de Deus. "Tornai-vos pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos, a vós mesmos" (Tiago 1:19-27)

Paulo afirma que cristão criança, imaturo, é ainda um cristão carnal, egoísta, que busca seus próprios interesses e vontades. Como já vimos, são pessoas que tem incapacidade de se aprofundar nas verdades bíblicas, é levado por doutrinas humanas, demostra desinteresse pelas coisas espirituais, tem temperamento sensível, se ofende por qualquer motivo, e quer tudo a seu modo, sendo apenas espectador e não ativo na igreja.

2. Disposição para buscar apenas o que é do próprio interesse:

"Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas" - 2 Timóteo 4:3-4

Quantas religiões, igrejas e teorias teológicas existem? Quantas surgem a cada dia? Nada disso é novo ou não foi previsto. O próprio Jesus afirmou que surgiriam falsos cristos e que enganariam a muitos.

Perdemos a capacidade de discernir o Espirito de Deus, pois aquilo que soa agradável aos nossos ouvidos e interesses do coração, se tornam instantaneamente "verdade". Porém a verdade nos confronta em nossa identidade, em nosso caráter, em nossos afetos, livrando-nos do engano de que somos perfeitos e plenos. 

Paulo quando fala de maturidade, trata de comportamento e disposições afetivas e mentais, ele fala de maturidade com as lentes do amor, com um único propósito, que Cristo seja o cabeça.

"O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" - Efésios 4:14,15

Pensei nisso!!

quinta-feira, 31 de março de 2016

FRANCISCO X KING - OPOSTOS MAS SEMELHANTES

Gosto muito de olhar o passado, tenho lembranças da minha mais tenra infância. Acredito que o passado é o caminho que nos trouxe até aqui, e observa-lo pode nos ajudar a corrigir possíveis erros.

Ninguém que nasce, desperta alguma manhã e diz, m tornarei um herói, mas há aqueles que vão dia a dia construindo sua vida em cima de alicerces que deixarão marcas para sempre. E observar estas pessoas me ajudam a construir os meus alicerces, por isso gosto muito de biografias.

As dicas de livro deste mês são sobre dois contemporâneos, opostos em vários aspectos, mas semelhantes na vocação dada por Jesus, cuidar dos pobres e oprimidos, são: Papa Francisco, branco, latino americano, católico, padre jesuíta, adepto da teologia da libertação; Martin Luther King Jr, negro, norte americano, protestante, pastor, adepto de uma teologia voltada para as causas dos oprimidos.

Martin Luther King Jr, entendeu há aproximadamente 60 anos, o que o Papa Francisco hoje conclama a igreja,  "sair das igrejas e paróquias, sair e ir a procura das pessoas onde elas se encontram, onde sofrem, onde esperam". Ele não apenas saiu, mas morreu por um ideal de igualdade e fraternidade entre os homens. Sua vida deixou um legado de luta desarmada, contra a discriminação o preconceito, o ódio de classes e racial e ajudou a desenvolver leis dos direitos civis que despertou não só os EUA, mas o mundo para a causa das minorias.

Papa Francisco, hoje faz o mesmo, ainda que limitado pela pressão da cúpula romana, suas mensagens e ousadia são de extrema importância para mudar a visão dos clérigos romanos para o que realmente importa, a misericórdia e o amor ao próximo. Suas atitudes, mesmo que vista por muitos como um "modo de aparecer", expressam o coração de um homem que além da igreja e do poder que ela lhe conferiu, ama o próximo e quer levar a frente o chamado de Jesus para ir onde estão os fracos, cansados e sobrecarregados para os aliviar, sejam eles quem forem e estejam onde estiverem.

O nome de Deus é Misericórdia
uma conversa com Andrea Tornielli
Editora Planeta
141 páginas








A autobiografia de Martin Luther King
Organizado por Clayborne Carson
Editora Zahar
463 páginas

quinta-feira, 17 de março de 2016

JESUS CURA A HOMOFOBIA, MAS...

PREFÁCIO

O evangelista João, nos relata que certo dia após Jesus foi ao Templo e grande número de pessoas o rodeou e ele ao começar a ensiná-las, foi confrontado pelos mestres da lei e fariseus que apareceram com um rapaz, pego em comportamentos homossexual. Eles o puseram a vista de todos e disseram: "Mestre, este rapaz é gay, foi apanhado em flagrante. Moisés, na sua Lei, ordenou que fosse morto. O que  senhor diz?

Escrito isto, João para a narrativa e nos revela que os religiosos que ali se apresentaram queriam pegar Jesus em uma armadilha, queriam induzi-lo a dizer algo para que o pudessem incriminar.

A narrativa continua, com Jesus abaixado e limitando-se a escrever com o dedo na terra. Mas eles não desistiram. Por fim, ele se levantou e disse: "Quem de vocês não tiver pecado seja o primeiro a atirar a pedra". Encurvando-se novamente, continuou a escrever na terra.

Ouvindo isso, eles começaram a deixar o local, um após o outro, a começar pelos mais velhos. Nota-se que até mesmo os que não estavam envolvidos com a situação, acabaram indo embora.

O rapaz foi deixada ali. Jesus levantou-se e perguntou: "Rapaz, onde eles estão? Ninguém condenou você?" Ninguém senhor, foi a resposta. "Nem eu", disse Jesus. "Siga seu caminho. Mas de agora em diante, não volte a pecar".

João 8: 1-11 - A mulher adultera.
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O texto do Evangelho de João adaptado aqui, não está longe de ser uma realidade em nossos dias. Tão chocante quando o episódio na época em que aconteceu, é ainda hoje a conduta de certas religiões a respeito da aceitação ao não de pessoas homossexuais nas igrejas.

Recentemente, uma igreja Batista em Alagoas, após 10 anos de intensos debates junto a sua comunidade de fé, decidiu em assembleia aceitar pessoas homossexuais como membros. O processo legal e democrático, teve 129 favoráveis, 3 contrários e 15 abstenções. Mas longe de entenderem todo o processo realizado por esta igreja, muitos estão se levantando contra os pastores em notas de repudio, etc. O texto que li a respeito (AQUI) aparentemente, uma carta do pastor da igreja, expressa que a motivação da comunidade para entrar neste processo foi a alegação de um membro da igreja de ser homossexual. O texto relata que na ocasião houve alguns desconfortos, alguns membros decidiram sair da igreja, mas muito outros se desafiaram a entender e se debruçaram no assunto que culminou na decisão tomada pelo povo.

Fico pensando o quão paciente não foi este "rapaz", aguardando por 10 anos para se ver aceito não apenas pelos irmãos da sua comunidade de fé, mas no que refere-se a igreja, aceito por Deus. Isto, se ele conseguiu suportar. Espero que sim.

Mas não é este o comportamento da maioria dos homossexuais e muito menos das igrejas cristãs. Se o comportamento de ambos fossem realmente bíblico, não existiriam igrejas inclusivas. Este processo já nos é conhecido, explicitamente mostrado no livro de Atos, quando houve uma assembleia para declarar se aceitavam os gentios ou não, contrariando inclusive as ordens de Deus a Pedro: "não considere imundo o que eu santifiquei", (Atos 10)

Longe de ditar regras, falo a partir das minhas experiências neste mesmo processo de aceitação amorosa por uma comunidade de fé. Falo aos homossexuais que desejam fazer parte de uma igreja que não seja uma igreja inclusiva ou igreja gay (como dizem por ai). Gostaria na verdade de esclarecer alguns pontos que considero importantes:

Jesus cura a homofobia, mas...

1. Precisamos também ser curados:
Um grande número de homossexuais sofrem e sofreram em suas relações interpessoais, foram abusados, enganados, rejeitados, violentados e violados no corpo e sentimentos. Devido a isso, possuem dificuldade ao se relacionar, são desconfiados, carentes afetivamente e tornam-se egoístas e mestres em querer ser o centro das atenções. Como resultado, se colocam geralmente, em posição de vitima,  tudo é preconceito e discriminação, o  que não é verdade.

Enquanto não nos desarmarmos, dificilmente permaneceremos em algum lugar. Uma coisa é certa, mesmo aceitos, nem todas as pessoas irão simpatizar ou ter afinidades conosco, isso faz parte das relações humanas e não quer dizer que por isso, são homofóbicos. Sendo o ambiente relacional da igreja, perfeito para nos dar este equilíbrio, se nesta comunidade a questão é tratada de forma sadia, sem privilégios ou desvantagens.  

2. Precisamos praticar a empatia:
A "saída do armário" não é fácil, principalmente para quem tem formação religiosa cristã. Em geral, passasse por conflitos internos que podem gerar até transtornos psicológicos. Considerando que até quem é homossexual tem dificuldades para se aceitar, devido a várias questões pessoais, sociais, religiosas, etc; por qual razão, as pessoas não podem ter  o mesmo processo em relação a aceitação da homossexualidade? Porque uma pessoa que acreditou a vida toda que algo é contrário a vontade de Deus precisa que instantaneamente aceitá-la com naturalidade? E este ponto é o que considero o mais critico e controverso.

Entendo que devemos lutar por igualdade de direitos dentro e fora dos círculos religiosos. é maravilhosos ver como a igreja citada acima tratou o tema, e reconhecer a abertura cada dia maior das pessoas pela igualdade de gênero e reconhecimento dos direitos civis. Entretanto, ao falamos de religião, não esta em jogo apenas (como alguns afirmam) a questão moral ou simplesmente teológica. Estamos falando de consciência, visão de mundo, e de uma esperança que direciona toda a vida de uma pessoa, das mais complexas às mais simples decisões. E temos que tomar cuidado em relação a isso.

Jesus nos alertou a "não fazermos aos outros o que não queremos que nos façam" (Mateus 7:12) não queremos aceitar ninguém por imposição como que enfiado goela abaixo, então, não nos façamos aceitar por imposição, além da aceitação, busquemos por respeito, que é o sentimento mais próximo ao amor.

3. Precisamos fortalecer o comportamento cristão
No mesmo capitulo de Mateus, Jesus diz que a "árvore é conhecida por seus frutos" e se nosso desejo é realmente participar ativamente de uma comunidade cristã, faz-se necessário sermos conhecidos por andarmos com integridade. E neste quesito vale outro conselho de Jesus: "Negue-se a si mesmo e depois siga-me", isto é, a estrada será longa e árdua, ande em amor.

O apostolo Paulo é um exemplo de pessoa rejeitada pela igreja e que lutou para ser aceito, em suas cartas há diversas recomendações para alcançarmos o reconhecimento do nosso chamado e nenhuma delas foi por força, mas, por reconhecimento de nele estar o Espirito de Deus. 

Eis alguns conselhos:

- Ninguém busque o proveito próprio, mas cada um o que é de outrem (1 Coríntios 10:24 e 39):
Saiba retroceder na busca por sua aceitação quando isto colocar em risco a vida de outras pessoas. Às vezes um passo atrás procede dois à frente. Não podemos ser pedra de tropeço para fazer se perder quem quer que seja, como já citado, precisamos ter empatia e assim como Paulo, se fazer fraco para com o fraco, a fim de ganha-lo.

- Seja praticante de boas obras (1 Pedro 2:12):
Uma das mais nocivas formas de preconceito é aquela que nasce do estereótipo. As pessoas não permitem conhecer o outro, mas o julgam pelas imagens que foram construídas em sua mente sobre determinado assunto. Existe uma caricatura formada a respeito dos gays. Sendo assim, todo gay é afetado, afeminado, escandaloso, se comporta de forma imoral e espalhafatosa, dá em cima de qualquer homem que estiver por perto, etc. Mentira!! Mas trata-se do estereótipo mantido até hoje por grande parte da mídia e reforçado em círculos fundamentalistas para justificar a não aceitação de homossexuais na igreja.

Pedro aconselha que os cristão de sua época andem de maneira honesta, para que naquilo que era dito deles como que de malfeitores, os gentios pudessem glorificar a Deus vendo o seu bom procedimento e boas obras.

Então, manifestem a imagem de Cristo em amor: sejam afetuosos, demostrem amor verdadeiro, não fingido ou apenas de palavras, sejam cordiais, respeitosos, moderados, evitam a aparência do mau.

- Ande de acordo com o que já alcançou (Filipenses 3:16):
Um dos principio declarados em Atos para a eleição ministerial, era o testemunho da comunidade, e  se os membros da sua comunidade já o aceitaram e respeitam, fique feliz por isso. Mas não pare!!

Muitos de nós tenham ministérios relacionados ao ensino ou a música, o que nos coloca em evidência em relação as demais, por isso, é necessário ter cautela. Não digo que tenhamos que "enterrar nossos talentos", mas avaliar o momento oportuno para não prejudicarmos o andamento da comunidade.

Neste quesito, proponho a sugestão de Paulo aos Coríntios em relação aos dons, procure o caminho mais excelente: o amor. É pelo amor que as igrejas estão abrindo suas portas e revendo a aceitação ou não de homossexuais, é por reconhecer que a graça de Jesus é para todos sem distinção.

4. Precisamos reconhecer que...

- Não poderemos mudar a Bíblia: A advertência em relação a homossexualidade está e continuará na Bíblia, faz parte de um documento e tem uma razão - histórica e cultural. E é isto que as igrejas estão buscando compreender com maior clareza. Lembrando que há outras séries de advertências e que fazem parte do nosso dia a dia e que não damos tanto peso quanto a esta em especial.

A questão então é, o quanto uma pregação utilizando-se de versos que suportam a condenação de homossexuais me incomoda em relação a todas as outras e principalmente às que afetam o outro?

- O outro também é amado: É muito fácil sairmos de um extremo e irmos ao outro, achando-se tão necessários, fazemos o outro desnecessários. Paulo nos adverte que todos os membros do corpo são necessários, mesmo aqueles que são considerados mais fracos, menos honrosos ou menos decorosos. E afirma ainda que em Cristo todas as paredes de separação sejam de gênero, raça, condição socioeconômica e religiosas, não tem valor algum, todos estão em Cristo e são membros de seu corpo. (1 Coríntios e Gálatas).

Neste processo, tenho visto muitas pessoas sendo descartadas tanto de um lado como do outro, como se a multiforme graça e o amor de Deus não fossem suficientes para nos unir em um único propósito que é fazer o reino de Deus e seu amor conhecidos.

Estejamos atento para não descartarmos o outro apenas por discordar de nós.

- Podemos não viver a promessa: Há no livro de Hebreus (cap.11) um relato surpreendente sobre os heróis da fé, após contar sacrifícios, privações e milagres experimentados por homens como nós, é feita uma afirmação contundente: "e todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa" (vs. 39).

Assim como o rapaz da igreja Batista, aguardou (ou não) por 10 anos, podemos não viver esta transformação, mas o trabalho nunca é vão, preparamos a terra, plantamos e regamos, para que outros possam colher. E esperar com bom testemunho, isto é, com testemunho de fé, faz toda a diferença. Lembre-se que esta mudança não envolve apenas uma compreensão diferente de uma tema bíblico, se fosse assim seria fácil, mas requer uma mudança de mente, coração e comportamento de toda uma geração.
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Voltando ao texto do evangelho de João que abre esta reflexão.
Antes de falar sobre perdão, o texto trás um retrato histórico do judaísmo que era a exclusão de pessoas da congregação ou templo pelos mais diversos motivos: deficiências físicas, nacionalidade, questões rituais, de gênero, e tantas outras consideradas indignas pela Lei de Moises.

Entretanto, muitas delas, foram quebradas no decorrer da historia de Israel, pelo próprio Deus, tendo em vista o favor a vida e considerando a fé disposta no coração das pessoas. Exemplos são: O próprio Moisés, autor da Lei, casado mulher gentia (Deut. 7:13); Raabe a prostituta (Deut. 23:17); Rute, moabita que veio a ser avó do rei Davi, então descendente de moabita (Deut. 23:3) e posteriormente na igreja, o centurião italiano, Cornélio e demais gentios. 

Havia porém, em Israel, pessoas que não se opunham diretamente a questão, como as que estavam no templo e cercaram Jesus para ouvi-lo, como haviam também, as que se opunham com veemência, tendo como argumento a Lei, como as que chegaram com o rapaz gay pedindo que Jesus desse seu veredito.

Jesus sabiamente, recorre a uma certeza universal, todos são pecadores, e então, merecedores do mesmo castigo (Romanos 3:23), mas disse Jesus "eu não te condeno", não atribuirei castigo a ninguém (Romanos 3:24-26).

Jesus, ali, faz uma chamada amorosa a todos  (Gálatas 3:22-29), para que reconheçam sua condição e recebam pela fé sua graça salvadora. Porém, como vimos, um a um foram se retirando, como que rejeitando a bondade e misericórdia de Deus até que apenas quem teve a coragem de se reconhecer humano e necessitado de Cristo permaneceu.

E será assim, pois já foi assim, ouçamos todos o que o espirito de Deus falou a Pedro: "Não faças tu, comum ou imundo, ao que Deus purificou" (Atos 10).

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POSFÁCIO

"Mas de agora em diante não volte a pecar"

O apóstolo Tiago, declara em um texto maravilhoso que "aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado" (Tiago 4:17); Ele nos adverte ao longo do texto que todo o motivo de contenda, guerras e desavenças, deve-se àquilo que está dentro de nós: desejos, cobiça, inveja, maledicência, julgamentos e presunções. Com ele, confirma Paulo, quando diz que "o bem que quero fazer, não faço, mas o mal que não quero, este faço". Entretanto, Jesus é o nosso modelo de bondade (Atos 10:38).

A advertência de Jesus, diz mais sobre o fato de que,  a partir da graça, deve-se viver uma vida integra, honesta e digna, evitando assim, que seus acusadores tenham motivos para novamente o atacar e, quem sabe  matar, que  da obrigatoriedade de se viver uma vida sem pecados. Pois, assim com fizeram a Jesus, movidos pelo ódio, inveja e ganancia o mataram, poderiam fazer também a ele

- "Seus algozes estarão a espreita, tenha cautela no caminho".

A recomendação fala sobre aqueles que não conseguem reconhecer o amor de Deus e por isso nunca se darão vencidos pela graça - "o amor encobre a multidão de pecados" (1 Pedro 4:8) -  diz sobre aqueles que não conseguem reconhecer seus próprios pecados -  "Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós." (1 João 1:8) - fala sobre aqueles que odeiam os irmãos - "mas aquele que odeia a seu irmão esta em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deve ir, porque as trevas lhe cegaram os olhos". (1 João 2:11) - é uma advertência contra os que não conhecem a Deus - "quem não ama, não conhece a Deus; porque Deus é amor" (1 João 4:8).

E aos que continuarão crendo que homossexualidade é pecado, peço que continuem orando, também creio que Deus é poderoso para agir mudando o nosso coração, ou mudando o seu.

"Por esta causa dobro os meus joelhos ao Pai, de quem toma o nome toda a família nos céus e sobre a terra, para que ele vos conceda, conforme as riquezas da sua glória, que sejais robustecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior; que habite Cristo pela fé em vossos corações, sendo vós arraigados e fundados em amor, a fim de poderdes compreender com todos os santos qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que sobrepuja a ciência, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, segundo o poder que opera em nós. Efésios 3:14-20

E a quem destinei esta reflexão, homossexuais cristãos:

"Sabendo que, se o nosso coração nos condena,
maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas.
Amados, se o nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus" - 1 João 3:20,21

quinta-feira, 3 de março de 2016

1086 por 60

Começo bem o ano, os 2 primeiro meses foram de intensa leitura.
Foram 1086 páginas em 60 dias, o que corresponde a 18,1 paginas por dia. Bastante não?!
E as leituras foram mais que apaixonantes...

Einstein - sua vida, seu universo
Biografia de um dos físicos mais influentes da história.
A criança com problemas de fala, o adolescente visionário, o jovem sonhador, o adulto obstinado, o velho conservador. Fases da vida do homem considerado a personalidade do século XX.

São 561 páginas das quais ninguém se arrependerá de ler. Uma historia de vida com muitas lições e desmistificações do que se diz a cerca do mito.




Paraiso Perdido - Viagens ao Mundo Socialista
Uma espécie de diário sobre suas viagens à países socialistas , nos dá uma visão muito diferente do que nos mostra a TV principalmente no que diz respeito a revolução cubana e o seu líder Fidel Castro e ainda sobre a cortina de ferro e a queda do muro de Berlim.
O livro trás conversas e analises históricas muito interessantes sobre a América Latina e sua busca por liberdade econômica em relação ao imperialismo Americano e Europeu. Além de ser uma espécie de lado B da historia recente do Brasil e da América.

E vamos embora que a lista este ano esta repleta de coisas boas!!
Boas leituras...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

MATURIDADE - O TEMPO

E ele lhes disse: Por que me procuravam? 
Não sabem que devo tratar dos negócios do meu Pai? (...)
E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito.(...)
E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, 
e em graça para com Deus e os homens.
Lucas 2:49-52



A maturidade, como já falamos, é o efeito de quem atingiu o pleno desenvolvimento de suas faculdades biológicas, comportamentais e espirituais. Assim, a faculdade comportamental é desenvolvida por meio das experiencias do nosso dia-dia, de como enxergamos o mundo, respondemos as contingencias da vida e nos reconhecendo no mundo como parte atuante.

Das analogias bíblicas sobre o processo de amadurecimento, citamos três: Criação, Cristo e Igreja, e através delas vemos o esforço de Deus para imputar nos seres humanos a responsabilidade por suas ações e a capacidade para lidar com as contingencias da vida sem se desumanizar.

O texto do Evangelho de Lucas, capitulo dois, nos dá uma amostra do quão precoce Jesus percebeu a sua missão e propósito, a ponto de não ter se importado com o que sofreriam Maria e José com o seu desaparecimento por dois dias para "cuidar dos negócios de seu Pai" e mito menos sem avaliar as consequência de se revelar antes da hora aos mestres da Lei. Imaturidade infanto-juvenil, claro que sim, e que poderia ter colocado tudo a perder.

O processo de amadurecimento passa pelo ato de reconhecer que "há tempo para tudo debaixo do sol" e que a "adultização precoce" também é nociva ao nosso desenvolvimento. Pular etapas do desenvolvimento humano, como vimos na historia da criação, pode comprometer um desenvolvimento comportamental e espiritual saudável. Será por isso que Deus se fez menino?

A serpente, ao enganar Eva, disse-lhe que ser conhecedora do bem e do mal, lhe faria igual a Deus. Entretanto, essa não era a verdade, pois Deus embora seja conhecedor do bem e do mal, é todo amor, não tendo outra escolha (livre arbítrio) a seguir, a não ser AMAR. Nas palavras do apóstolo Tiago, Deus não pode ser tentado pelo mal (Tiago 1:13). 

Em termos psicológicos, o que aconteceu com Adão e Eva, e o que estava prestes a acontecer com Jesus, foi o desenvolvimento intelectual precoce, proposto por uma exposição excessiva a convivência com adultos (no caso de Adão e Eva, comer o fruto do conhecimento, e de Jesus, a consciência de sua missão), em detrimento a um desenvolvimento emocional necessário, pois possibilitam o preparo  para lidar com as contingencia da vida.

Podemos citar três riscos iminentes que sofreria Jesus caso não entendesse a bronca dos pais e se recusasse a voltar para casa. São:

1. Risco de morte:
A escritura relata que havia uma ordem expressa de Herodes para assassinar todos os meninos nascidos em Belém, o que fez com que José levasse sua família para o Egito ate a morte do rei - Mateus 2:16-18. Não há certeza, mas  podemos supor que Jesus fosse o único sobrevivente dos meninos nascidos naquela época, e caso em sua permanência no templo, fosse inquirida a informação de seu nascimento, poderia correr risco de morte.

Pular uma etapa de vida, é como estar morto para aquele ciclo, todo o desenvolvimento necessário ficam comprometidas, afetando o futuro da pessoa, pois sem o amadurecimento, ela se torna um adulto incompleto e inapto para alguns aspectos da vida.

Também precisamos entender que a precipitação infantil, isto é, a falta de entendimento e a ânsia por fazer a vontade de Deus, pode colocar em risco nossa vida espiritual, principalmente quando ainda somos novos na fé. Muitas pessoas são machucadas por desejarem pular etapas de seu desenvolvimento espiritual e se decepcionam com facilidade ao entrar no âmbito eclesial onde acham que todos são espirituais, o que não se trata de uma verdade.

2. Risco da fé:
Embora Jesus demonstre nesta referencia consciência de sua missão, ele ainda não estava pronto. Seus conhecimentos da escritura eram surpreendentes para uma criança de sua idade, mas ainda não eram suficientes para se opor aos doutores da lei.

Devido sua ingenuidade, Jesus poderia ser facilmente induzido a erro, visto a astucia dos religiosos de sua época e sua permanência no meio dos doutores da lei, escribas e fariseus poderia colocar abaixo toda a sua simples sabedoria que falava ao coração do povo:

"Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina, porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas". - Mateus 7:28-29.

3. Risco Ministerial:
Outro risco que sofreria Jesus era o de não conseguir levar a diante seu ministério.
As profecias a cerca dele em Isaías eram claras, O justo haveria de morrer. Entretanto, esta não era a vontade dos religiosos. A esperança inculcada em Israel era de um Rei e general militar que livraria Israel do domínio Romano. Durante todo o ministério de Jesus, este também foi o anseio dos discípulos, que mesmo após sua ressurreição o indagaram a respeito (Atos 1:6).

Caso os religiosos não matassem Jesus, poderiam incita-lo a que esta era a vontade de Deus para ele, usando inclusive as escrituras.

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando (...) ai de vós, porque rodeais o mar e a terra para fazer um novo convertido; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!" - Mateus 23:13 e 15


Concluindo, Jesus precisava ainda do tempo ao lado dos pais, sendo criança, como diz o texto em "sujeição e obediência" para que pudesse então crescer em sabedoria (desenvolvimento emocional e psíquico para lidar com as contingencias da vida), estatura (crescimento físico) e graça (crescimento espiritual) antes de se aventurar no reino dos religiosos. Jesus precisava cumprir todas as etapas antes de iniciar seu ministério, precisava ser inteiro, estar amadurecido para se tornar um verdadeiro sumo sacerdote.

"Por isso mesmo, convinha que que, em todas as coisas se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer a propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados. Por isso, santos irmãos (...) considerais atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus" - Hebreus 2: 17-18 e 3:1