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sábado, 14 de junho de 2014

O PRIMEIRO LIVRO

Já parou para observar a expectativa de uma criança ao receber um presente, que tomada por euforia, não se contem em abri-lo com calma?....Assim é a relação desta garotinha com os livros.
 
Desde muito pequena em seu quarto, encontrava nos livros a possibilidade de ser alguém que nunca seria, de viver historias, que talvez, nunca viveria e acima de tudo, encontrar ali, realidade para seus sonhos.
 
E por isso, quando abria-os mergulhava em milhões de letras, eufórica a cada novo livro, encantava-se com a fascinante aventura de poder ser e estar onde quisesse.
 
Admirando sua vivencia no mundo das palavras, percebo que não há critérios para classificar os bons leitores: quantidade de livros lidos, autores famosos, clássicos mundiais, etc. Nada os determinará, senão a relevância do que foi lido.
 
E se ela não gostasse de ler Machado de Assis, ou Shakespeare, ou as dezenas de autores importantes para a literatura, quem poderia julgar que seus sorrisos espontâneos, os olhos brilhando ou ainda, quem julgaria que as lágrimas derrubadas enquanto passava os olhos ansiosamente por aquelas paginas, não foram tão sinceras, quanto de quem leu Romeu & Julieta?
 
Eu mais do que ninguém, posso dizer que senti muita sinceridade quando minhas paginas foram gotejadas por lagrimas quentes, e olha que nem sou tão famoso.
 
Aquela garotinha, quando pequena, tinha poderes e fazia dos livros companheiros, e não escolheu algum especifico, ela foi escolhida, presenteada e apresentada ao meu universo da fantasia, logo, apaixonou-se por tudo o que eu podia oferecer.
 
Ah! Se todos pudessem desfrutar  deste universo como ela, se de vez em quando, ao invés de entrar em uma loja de brinquedos, crianças fossem levadas a minha casa e de meus amigos, talvez a humanidade fosse mais gentil, mais compassiva, mais humana. Pois, para isso, basta serem cativadas por nós. Quem dera poder conquista-los com maior facilidade e quebrar todos os dogmas culturais contra a leitura.
 
Tentei manter-me próximo a ela durante todo o seu desenvolvimento, mas tenho que admitir que o tempo a fez afastar-se deste passatempo, mas mesmo assim, do auto da prateleira, onde ela me guarda carinhosamente, me emociono ao ver o brilho em seus olhos ao desfrutar de um novo amigo.
 
E minha felicidade é vê-la apaixonando-se novamente, não temo que meu lugar seja tomado, venham quantos couberem, pois, no fundo eu sei da sua eterna gratidão por tê-la feito ingressar num mundo de conhecimento e fantasias.
 
Com amor,
O primeiro livro.

Texto de Bruna Manzolli, #JBZL
 

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