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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

MATURIDADE - O TEMPO

E ele lhes disse: Por que me procuravam? 
Não sabem que devo tratar dos negócios do meu Pai? (...)
E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito.(...)
E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, 
e em graça para com Deus e os homens.
Lucas 2:49-52



A maturidade, como já falamos, é o efeito de quem atingiu o pleno desenvolvimento de suas faculdades biológicas, comportamentais e espirituais. Assim, a faculdade comportamental é desenvolvida por meio das experiencias do nosso dia-dia, de como enxergamos o mundo, respondemos as contingencias da vida e nos reconhecendo no mundo como parte atuante.

Das analogias bíblicas sobre o processo de amadurecimento, citamos três: Criação, Cristo e Igreja, e através delas vemos o esforço de Deus para imputar nos seres humanos a responsabilidade por suas ações e a capacidade para lidar com as contingencias da vida sem se desumanizar.

O texto do Evangelho de Lucas, capitulo dois, nos dá uma amostra do quão precoce Jesus percebeu a sua missão e propósito, a ponto de não ter se importado com o que sofreriam Maria e José com o seu desaparecimento por dois dias para "cuidar dos negócios de seu Pai" e mito menos sem avaliar as consequência de se revelar antes da hora aos mestres da Lei. Imaturidade infanto-juvenil, claro que sim, e que poderia ter colocado tudo a perder.

O processo de amadurecimento passa pelo ato de reconhecer que "há tempo para tudo debaixo do sol" e que a "adultização precoce" também é nociva ao nosso desenvolvimento. Pular etapas do desenvolvimento humano, como vimos na historia da criação, pode comprometer um desenvolvimento comportamental e espiritual saudável. Será por isso que Deus se fez menino?

A serpente, ao enganar Eva, disse-lhe que ser conhecedora do bem e do mal, lhe faria igual a Deus. Entretanto, essa não era a verdade, pois Deus embora seja conhecedor do bem e do mal, é todo amor, não tendo outra escolha (livre arbítrio) a seguir, a não ser AMAR. Nas palavras do apóstolo Tiago, Deus não pode ser tentado pelo mal (Tiago 1:13). 

Em termos psicológicos, o que aconteceu com Adão e Eva, e o que estava prestes a acontecer com Jesus, foi o desenvolvimento intelectual precoce, proposto por uma exposição excessiva a convivência com adultos (no caso de Adão e Eva, comer o fruto do conhecimento, e de Jesus, a consciência de sua missão), em detrimento a um desenvolvimento emocional necessário, pois possibilitam o preparo  para lidar com as contingencia da vida.

Podemos citar três riscos iminentes que sofreria Jesus caso não entendesse a bronca dos pais e se recusasse a voltar para casa. São:

1. Risco de morte:
A escritura relata que havia uma ordem expressa de Herodes para assassinar todos os meninos nascidos em Belém, o que fez com que José levasse sua família para o Egito ate a morte do rei - Mateus 2:16-18. Não há certeza, mas  podemos supor que Jesus fosse o único sobrevivente dos meninos nascidos naquela época, e caso em sua permanência no templo, fosse inquirida a informação de seu nascimento, poderia correr risco de morte.

Pular uma etapa de vida, é como estar morto para aquele ciclo, todo o desenvolvimento necessário ficam comprometidas, afetando o futuro da pessoa, pois sem o amadurecimento, ela se torna um adulto incompleto e inapto para alguns aspectos da vida.

Também precisamos entender que a precipitação infantil, isto é, a falta de entendimento e a ânsia por fazer a vontade de Deus, pode colocar em risco nossa vida espiritual, principalmente quando ainda somos novos na fé. Muitas pessoas são machucadas por desejarem pular etapas de seu desenvolvimento espiritual e se decepcionam com facilidade ao entrar no âmbito eclesial onde acham que todos são espirituais, o que não se trata de uma verdade.

2. Risco da fé:
Embora Jesus demonstre nesta referencia consciência de sua missão, ele ainda não estava pronto. Seus conhecimentos da escritura eram surpreendentes para uma criança de sua idade, mas ainda não eram suficientes para se opor aos doutores da lei.

Devido sua ingenuidade, Jesus poderia ser facilmente induzido a erro, visto a astucia dos religiosos de sua época e sua permanência no meio dos doutores da lei, escribas e fariseus poderia colocar abaixo toda a sua simples sabedoria que falava ao coração do povo:

"Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina, porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas". - Mateus 7:28-29.

3. Risco Ministerial:
Outro risco que sofreria Jesus era o de não conseguir levar a diante seu ministério.
As profecias a cerca dele em Isaías eram claras, O justo haveria de morrer. Entretanto, esta não era a vontade dos religiosos. A esperança inculcada em Israel era de um Rei e general militar que livraria Israel do domínio Romano. Durante todo o ministério de Jesus, este também foi o anseio dos discípulos, que mesmo após sua ressurreição o indagaram a respeito (Atos 1:6).

Caso os religiosos não matassem Jesus, poderiam incita-lo a que esta era a vontade de Deus para ele, usando inclusive as escrituras.

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando (...) ai de vós, porque rodeais o mar e a terra para fazer um novo convertido; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!" - Mateus 23:13 e 15


Concluindo, Jesus precisava ainda do tempo ao lado dos pais, sendo criança, como diz o texto em "sujeição e obediência" para que pudesse então crescer em sabedoria (desenvolvimento emocional e psíquico para lidar com as contingencias da vida), estatura (crescimento físico) e graça (crescimento espiritual) antes de se aventurar no reino dos religiosos. Jesus precisava cumprir todas as etapas antes de iniciar seu ministério, precisava ser inteiro, estar amadurecido para se tornar um verdadeiro sumo sacerdote.

"Por isso mesmo, convinha que que, em todas as coisas se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer a propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados. Por isso, santos irmãos (...) considerais atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus" - Hebreus 2: 17-18 e 3:1


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