Em 2010 iniciei um processo de rompimento com o movimento evangélico, além de questões teológicas estavam envolvidas também questões pessoais. Porém neste processo de rompimento, seja ele em qual segmento for e não importam os argumentos, quem se exclui tende a aumentar não somente as críticas, mas a intolerância a qualquer contra argumento que façam em defesa de tal segmento, em resumo, o que não fazem é ruim e o que fazem não presta.
Várias gerações lutaram para estancar o sangue que corria nas ruas, mas a hemorragia permanece, agora jorrando das telas de nossos computadores e smartphones. Nosso momento histórico revela uma geração diversa em muitos sentidos - cultural, sexual, ideológica, religiosa, etc. - mas que ainda não aprendeu a conviver com a diversidade, seja ela qual for. Uma sociedade plural que teima em ser singular.
Se alguém se diz avesso ao feminismo, é tachado de machista; se comunga com os ideais de esquerda, é socialista, comunista ou pior petralha; se torce para qualquer outro time, não importa qual, é anticorinthiano. A intolerância é tanta que, concordar com algo implica diretamente em "ser", "não ser" ou "ser contra" várias outras coisas. E o termômetro que nos mostra o grau desta febre de movimentos antagônicos são os comentários nos artigos das agencias de noticias e nas diversas redes sociais. A cada nova postagem da "minha opinião" ou do "só li verdades" causam, além de debates homéricos, indiretas bem diretas, bullying e um série de amizades desfeitas. A violência psicocibernética ganha espaço, sai da nossa mente e coração e ganha as redes e o mundo a assite de camarote. Banalizamos a violência nas redes, assim, podemos permanecer violentos, causando dor sem sofrer as consequências, pois esta não consta nas estatísticas e mapas da violência e crimes das ruas e podemos nos esconder atrás de perfis falsos.
Em um destes sábados preguiçosos em que você liga a TV em qualquer canal despreocupado com o que passa, deparei-me com uma entrevista com Fernanda Montenegro, atriz brasileira consagradíssima, dizia ela a este respeito: "radicalize mas não feche a porta". A frase me fez muito sentido e é o motivo deste texto.
Jesus, um radical em sua época, não fechou as portas. Critico feroz dos religiosos e do império e seus poderes, não virou as costas a Nicodemos, sumo-sacerdote e ao centurião romano com a filha a ponto da morte. A inimizade dos judeus em relação aos samaritanos não o impediu de levar água da vida para uma mulher sofrida. Jesus, fica claro, era contra sistemas de opressão, não contra as pessoas. Não destruiu o judaísmo e construiu uma nova religião, mas sim, criou uma rede de fraternidade e amor, que libertava da opressão dos movimentos e sistemas de poder instituídos.
E seis anos depois, após ter ficado três anos longe da igreja, e muito mais nestes dias de polarização politica e ideológica, que esta dividindo famílias, amigos e muita gente que tem o mesmo objetivo - um pais melhor - percebo que não precisamos concordar com tudo, a diversidade de pensamento, o questionamento e busca de novas respostas que se adequem a novas realidades é o que impulsionar o progresso e o desenvolvimento.
Todo movimento ideológico ou politico, existe para o bem das pessoas, o problema começa a existir quando este movimento se acha superior à outros, buscando uma hegemonia através do poder absoluto e ditatorial, e nesta busca, passe por cima das pessoas, subjugando e oprimindo os divergentes.
E seis anos depois, após ter ficado três anos longe da igreja, e muito mais nestes dias de polarização politica e ideológica, que esta dividindo famílias, amigos e muita gente que tem o mesmo objetivo - um pais melhor - percebo que não precisamos concordar com tudo, a diversidade de pensamento, o questionamento e busca de novas respostas que se adequem a novas realidades é o que impulsionar o progresso e o desenvolvimento.
Todo movimento ideológico ou politico, existe para o bem das pessoas, o problema começa a existir quando este movimento se acha superior à outros, buscando uma hegemonia através do poder absoluto e ditatorial, e nesta busca, passe por cima das pessoas, subjugando e oprimindo os divergentes.
Então, seja você petralha, coxinha, feminista, do movimento do poder negro, socialista, comunista ou de extrema direita, é hora de rever seus argumentos e conceitos quando o sistema que você defende ficar acima ou contra humanos. Nada neste mundo precisa de nossa defesa com unhas e dentes senão a própria humanidade. Movimento algum salvará a humanidade, mas o homem pode estender suas mãos e ajudar o seu próximo, por isso, não se exclua.
Sobre o movimento evangélico, ainda tenho muitas divergências e busco respostas melhores que se adequem a minha visão do mundo e do que entendo por religião. Não me perco mais em debates com quem ainda precisa do que ele oferece. A parte que me cabe é amar e este passa pelo respeito as diferenças.
Ótimo texto, meu amigo! Vivemos um período perigoso de polarização, onde só existem dois lados, em qualquer assunto. Ao invés de ampliar qualquer debate, nos prendemos a limites que não existem. Temo muito pelo futuro que nascerá disso.
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