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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

EU, PORÉM, VOS DIGO


Vocês estão aqui para defender os indefesos,
para assegurar que os prejudicados tenham uma oportunidade de justiça.
O trabalho de vocês é proteger os fracos,
perseguir os que os exploram"
Salmo 82:3-4


Dizem que Jesus iniciou seu ministério com o Sermão do Monte, registrado no evangelho de Mateus. O texto nos diz muito sobre o caráter do ministério de Jesus e do que se espera dos homens que desejam entrar em seu Reino. Longe de uma pregação legalista, cheias de regras, Jesus desce no chão da vida e revela ao povo uma nova compreensão da espiritualidade e do Reino de Deus.

Como leigo entendo em meu espirito que, quando o apostolo João diz que "o verbo se fez carne e habitou entre nós" ele nem de longe quis afirmar que a palavra - a Bíblia - se materializou para provar sua autoridade e inerrância como acreditam alguns, mas que as atitudes, comportamentos e ações de Deus, e por isso - O verbo - estavam em Jesus, com o objetivo de revelar o coração do Pai. 

Testificando isto, o próprio Cristo afirma ao apóstolo Felipe quando este pediu para que Jesus mostrasse o Pai e ouviu "quem me vê, vê o Pai", afirmou ainda que "as palavras que dizia não eram simples palavras, mas palavras ditas por Deus e transformadas em ações divinas" e foi enfático com os escribas afirmando "Tudo o que faço foi autorizado por meu Pai, ações que falam mais alto que palavras (...) Eu e o Pai, somos um só coração e uma só mente" e por isso os religiosos da época atentaram contra sua vida, por se dizer Filho e igual ao Deus. Posso citar ainda o escritor de Hebreus que afirma "O Filho reflete perfeitamente quem Deus é e está selado com a natureza de Deus". Podemos, então, entender que tudo o que encontramos em Jesus é a realidade e expressão exata de Deus.

"Eu, porém, vos digo" é uma frase muito enfatizada por Jesus durante o Sermão do Monte, e longe de querer minimizar os escritos antigos, ele eleva termos da lei à uma profundidade maior, porém com uma simplicidade tamanha, buscando apenas a promoção da justiça, da paz e da alegria, contra o que acreditavam os sacerdotes da época que, a Lei precisava ser guardada e mantida. Com isso Jesus inicia um série de quebra de paradigmas com um único objetivo - que a conduta dos seus seguidores seja mais correta que a dos escribas, fariseus e doutores da lei - pois eles detinham o poder religioso e acreditavam possuir as chaves para o reino de Deus, entretanto Jesus afirma categoricamente que "eles impedem o povo de se chegar a Deus por meio de fardos e leis de homens que nem mesmo eles suportavam carregar".

Era o clamor dos profetas na Pessoa do Cristo: como afirma o escritor de Hebreus "passando por uma longa linha de profetas, Deus falou aos nossos antepassados séculos a fio, de diferentes maneiras. Em tempos recentes, a comunicação foi direta, por intermédio do seu Filho".

As reivindicações de Jesus em favor do pobre, da viuvá, do órfão, do oprimido, do estrangeiro/gentil e contra as riquezas, o legalismo e hipocrisia religiosa não se trata de algo novo, já estava na boca dos profetas de Israel, mas estes não deram ouvido, sendo o ponto alto dos planos de Deus, sua encarnação no Filho. 

Esvaziado de sua glória e poder, exalando apenas sua essência, ressignifica sua imagem de onipotência e soberania distante tão cultuada, mostrando quem realmente É - Deus é amor. Excluindo assim, as máscaras dos preconceitos, paradigmas, anseios, desejos e superstições de quem escreveu ou interpretou o que ouviu, distorcendo a essência de Deus para beneficio próprio.

Iluminados por isso, fica mais fácil enxergar durante toda a escritura o clamor de Deus contra o que os apóstolos vão chamar de "mundo" e "anti-cristo", um sistema de opressão cujo objetivo é roubar, matar e destruir, utilizando-se do poder, manipulando sobretudo a religião para se fazer prevalecer. Como alertou Paulo à Timóteo "sabemos, todavia que a Lei é boa, se alguém a usa da forma adequada". o que não é foi o caso de Israel e por isso Deus diz por meio de Jeremias "Eles invalidaram a minha aliança (...) a escreverei em seus corações".

Clique na foto para ampliá-la.

Que toda teologia seja feita a partir destas premissas: que Jesus é a imagem e expressão exata de Deus e toda a escritura deve ser lida e interpretada a partir dele, o alfa e o omega, o principio e o fim. Que os oprimidos sejam o seu alvo e beneficiários e toda injustiça seja condenada.

Este é o Evangelho do Reino, as boas novas para os excluídos e oprimidos, manifestado através do amor. Que possamos enxergar o mundo através destas lentes e buscar fazer dele um lugar melhor onde reine verdadeiramente o amor e a graça de Deus com justiça, paz e alegria.

Esta é minha teologia.


Referencias: 
Evangelho de Mateus, 5;20; Evangelho de João, 14:5-10; Evangelho de João, 10:25-30; Isaías 43:19; Epístola aos Hebreus 1:1 e 3; 1 Epístola de João 4:8; 1 Timóteo 1:8; Jeremias 31:32; Mateus 21:31-32.

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