Um tema pouco falado hoje na igreja e que volta e meia me persegue é a maturidade, o efeito daqueles que atingiram o completo desenvolvimento de suas faculdades biológicas, comportamentais(psicológica) e espirituais. No que se refere a maturidade biológica, suas características são notadas: menstruação, crescimento da mama para as meninas, alteração da voz, crescimento dos pelos para os meninos, são alguns exemplos. Entretanto, é perceptível também que este processo não é igual em todos os seres, podemos ter desenvolvimento precoces e ou atrasado. A idade cronológica não é necessariamente a mesma da idade biológica.
A maturidade comportamental, surge das experiências do nosso dia-dia, através da forma com que enxergamos e respondemos as contingencias da vida. É o desafio de viver e se reconhecer no mundo como parte atuante e não apenas como parte existente e inerte. Já a maturidade espiritual, longe de ser experiências sobrenaturais e sobre-humanas, é manifestar no chão da vida, tudo o que se aprender, acredita e experimenta de Deus e com Deus.
A maturidade comportamental, surge das experiências do nosso dia-dia, através da forma com que enxergamos e respondemos as contingencias da vida. É o desafio de viver e se reconhecer no mundo como parte atuante e não apenas como parte existente e inerte. Já a maturidade espiritual, longe de ser experiências sobrenaturais e sobre-humanas, é manifestar no chão da vida, tudo o que se aprender, acredita e experimenta de Deus e com Deus.
Vejo nas escrituras uma série de processos de amadurecimento comportamental e espiritual. Deus comunga deste processo conosco desde o Éden, como um pai-psicólogo, investindo no ser-humano para que este tenha responsabilidade por suas ações e capacidade para lidar com as contingências do mundo sem se perder ou melhor sem se desumanizar. Analogias não faltam, mas vou me prender apenas em três: Criação, Cristo, e Igreja.
1. Criação:
"Então, o Eterno plantou um jardim no Éden, e ali pôs o homem (...) o Eterno levou o homem para o jardim, para que cultivasse o solo e mantivesse tudo em ordem" - Gênesis 2:6 e 15.
Os processos de desenvolvimento comportamental de uma criança passa pela imitação dos adultos ao seu redor. Ela é como uma esponja que absorve e reproduz tudo: atitudes, expressões, vocabulário e até sentimentos sem o menor juízo de valores. Criança vê, criança faz. É a educação pelo exemplo. Muitas vezes me pego pesando, onde é que Deus estava com a cabeça quando colocou duas crianças para cuidar de um jardim. Adão e Eva tinham acabado de nascer, embora seus corpos demonstrassem a plenitude da maturidade, não se podia esperar muito de seu comportamento. Porém, o plano pedagógico de Deus eram modernos para a época, e Nietzsche concorda com Ele:
Sabiamente, Deus pede ao homem que dê nome a todos os animais. Algo que para um adulto (maduro) levaria três eternidades e meia apenas para chegar a algum consenso. Passaríamos horas a elogiar ou criticar cada um dos animais: "A zebra é branca com listas pretas ou é preta com listas brancas?"; Algo que para uma criança não tem sequer importância. A inocência em seu olhar a permite ver apenas a beleza pelo encantamento da "primeira vez".
"O homem chega à sua maturidade
quando encara a vida com a mesma seriedade
que uma criança encara uma brincadeira."
"O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo..."
Alberto Caeiro
O jardim do Edén era o quintal onde Adão e Eva em sua infância mental, tinham tudo o que qualquer criança gostaria de ter. Criança gosta mesmo é de brincar: cheirar as flores e sentir a textura de suas pétalas brincado de bem-me-quer, ver as folhas voando com o vento, nadar nas águas gélidas do rio, correr sem direção, jogar-se na grama e ver formas inesperadas nas nuvens, subir em árvores, além de "conversar com os animais" quando não com amigos imaginários.
Pode parecer brincadeira de criança, mas o que a serpente fez com Eva foi justamente brincar de "se vestir como a mamãe" colocando não somente os vestidos, sapatos e acessórios, mas criando a necessidade de "ser como", e nisto, bem pode nos ajudar a famosa frase "Freud explica". Será Freud uma reencarnação da serpente?
O que Deus tinha que despertou tamanho desejo em Eva?
Deus não tinha saltos-altos, batons, vestidos ou maquiagens, tudo o que Eva poderia desejar hoje. Todavia, Deus tinha maturidade, era adulto, tinha "percepção da realidade (experiências de vida) e conhecimento para realizar juízo de valores (bem e mal)" - Gênesis 3:4 e 5.
E a morte?
Para nós serem humanos a morte começa quando chega a maturidade, Deus não mentiu.
A teologia estabeleceu que o pecado de Adão e Eva foi se rebelar conta Deus, fazendo sua própria vontade ao comer do fruto que era proibido. Minha questão não é esta.
As entrelinhas mostram que, o que ambos fizeram foi apenas desejar crescer, ser adulto, adquirir a maturidade do Pai, pois estavam extasiados com o que ele É, pelo encantamento da primeira vez. Porém quiseram fazer isto da forma mais fácil, sem adquirir responsabilidade que vem da experiencia do viver. Usaram o poder de escolha (livre arbítrio) para crescer antes da hora, Desconhecendo as reais consequências decidiram não aproveitar a vida e morrer antes do tempo. E ao perceberem o que tinham feito, mostraram claramente sua infantilidade:
- Não pediram ajuda, antes fizeram roupas de folhas para si.
- Tiveram medo e se esconderam, ao invés de encarar o comportamento incorreto.
- Se acusaram mutuamente e acusaram a Deus, quando deveriam demostrar arrependimento.
Deus percebe que Adão e Eva ainda eram crianças e sua atitude é condizente com o que nossos pais fazem hoje:
- Os faz ter consciência do erro que cometeram.
- Mostrou-lhes a real consequência de suas atitudes..
- Acolhe e proteger, dando roupas de verdade.
A atitude de Adão e Eva e tipica de crianças e adolescentes, o desejo de ser adulto, da liberdade de ir e vir, de fazer o que quiser sem dar satisfação, não passa de uma ilusão infantil. E quando se deparam com a realidade, se frustram e passam a sua maioridade inteira desejando voltar atrás e ter a vida que tinham quando crianças, dependentes dos cuidados e manutenção dos pais, sem responsabilidades ou preocupações. Pessoas assim nunca se tornam plenamente adultos.
Fato é que em momento algum Deus se mostra este Pai irresponsável que dá tudo aos filhos esquecendo-se que isso um dia se voltará contra ele. Deus se ausenta, deixa que homem e mulher cumpram com suas responsabilidades - cultivar o solo e manter o jardim em ordem - e só retorna na viração do dia. Faz isso, pois quer que ambos construam sua maturidade na experiencia do viver, não através de leis, estatutos, proibições e ditames de certo ou errado. Nisto Freud tinha razão "A religião é comparável a uma neurose da infância" isto é, a incapacidade de lidar ou resolver conflitos internos ou externos de forma satisfatória, o que Paulo também condena:
"Assim, se com Cristo vocês deixaram para trás aquela religião pretensiosa e infantil,
por que agora se permitem intimidar por ela?
Não toqueis nisto! Não provem aquilo! Não cheguem perto daquilo!
(...) Ditas em voz alta, estas ordens podem impressionar.
Chegam a parecer religiosas, evocando humildade e sacrifício.
Mas não passam de outra forma de autoprojeção de parecer importante."
Colossenses 2:20-23
O risco que Deus correu ao corrigi-los, é o mesmo que os pais correm hoje em dia. A mesma brinca pode ter efeitos divergentes de acordo com a visão de mundo da criança: 1. Meus pais me amam e querem o melhor para mim, estão me ensinando a crescer. 2. Meus pais não me amam, por isso me podam e não me deixar fazer o que eu quero. Podemos ver esta visão em Caim, quando Deus o chama por causa de Abel. E a religião nasce deste sentimento, Deus não nos ama e esta pronto para nos punir, por isso, devemos fazer tudo para não deixá-lo mais zangado que já é.
Quem dera Eva não tivesse desejado apenas vestir os saltos-altos de Deus.
Pense nisso.
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