O texto abaixo foi minha fala em vídeo gravado para o evento "Evangélicos debatem a questão de gênero no PME" que aconteceu no dia 06 de Agosto na Câmara Municipal de São Paulo (Plenário Prestes Maia) e contou com a participação dos amigos José Barbosa Junior e Patricia Crepaldi entre outros.
Quando convidado para falar no plenário me senti um pouco desconfortável por acreditar não ter embasamento para tal e a principio neguei o convite. Entretanto, decidi gravar o vídeo por não poder me omitir em tão importante questão. Então falei do que sinto a respeito e de minhas experiencias. Sei que o que envolve esta questão vai muito mais além do que minhas palavras, poderia reescreve-lo e aumenta-lo e ainda não findaria as discussões que o envole e as implicabilidades de tal ruptura sócio-cultural, mas não podemos nos calar, algo precisa ser feito, pois o sofrimento de muitos precisa acabar.
Olá, se você é homem e está nesta platéia e de alguma forma sofreu preconceito ou foi motivo de chacota por não gostar de futebol, por ajudar sua mãe nos afazeres domésticos, se era caseiro e gostava de ler ou foi hostilizado por em algum momento usar uma roupa cor de rosa, ou se você é mulher e sofreu o mesmo por gostar de futebol, por não curtir usar vestidos ou maria-chiquinhas e se foi hostilizada por preferir brincar de pipas ou bolinhas de gude ao invés de bonecas, eu gostaria que levantasse a sua mão!!
Embora eu não possa saber quantos vocês são, sei que há pessoas nesta condição e quero te contar um segredo: "Você é homossexual!"
Brincadeiras a parte, o estereótipo de gênero enquadra e rotula as pessoas, colocando-as em caixinhas de como devem ser e de como devem se comportar, sem levar em consideração suas aptidões, seus talentos, sua personalidade, seus gostos pessoais ou educação. E você sofreu por conta disto.
Por muito tempo a religião normatizou o que era coisa de homem e coisa de mulher, dando privilégios a uns e rebaixando, marginalizando e demonizando tudo o que era diferente. Homens gostam de azul, mulheres de rosa e todas as outras cores que vão para o inferno.
E nesta divisão de coisas de homem e coisas de mulheres, ao homem foi dado o direito a civilidade, a educação, ao poder politico e ao poder religioso e a mulher foram dados alguns deveres, o de ser boa dona de casa, boa mãe e boa amante. E a sociedade sofre as consequências disto até hoje.
Para ficar claro, um homem que vai para balada e pega varias mulheres é virial, é macho e garanhão e a mulher que faz o mesmo é vadia, é galinha é puta. E esta diferença de percepções sobre o mesmo assunto trata-se da questão de gênero.
Porque ainda aceitamos que as mulheres ganhem 30% a menos que o os homens, que elas não esteja me papel de liderança e não estejam engajadas na politica? Porque homossexuais e transsexuais ainda são marginalizados e obrigados por este sistema a se prostituirem para ganhar a vida? A resposta passam pela questão de gênero pois favorece a uns e rebaixa outros. E esta desordem impregna toda a nossa sociedade.
Tratarmos deste assunto na escola e na igreja é total importância. Já está na hora da igreja quebrar os paradigmas que ela mesmo criou gerando igualdade e justiça para todos pois isto é o Reino de Deus.
Parabéns aos organizadores deste debate.
Infelizmente não pude estar ai, mas está é a minha contribuição.
Interessante e muito bem dito David.
ResponderExcluirPorém duas coisas me incomodaram muito:
1 - Uma discussão de evangélicos numa câmara, houve a presença de outras representações além dos evangélicos? Foi divulgado para a comunidade? Acho muito interessante, mas acredito que esse debate não é religioso.
2 - Havia autoridades políticas presentes? Se sim, quantos eram evangélicos?
A nossa sociedade já é plural, negar isso é ridículo e algumas religiões ainda o fazem, com abuso de palavras de ordem bíblica e forçando uma doutrina que não é mais majoritária.
Assim como cada um cuida da sua vida amorosa entre quatro paredes, cada um deve cuidar da sua alma em relação ao deus que acredita. Independente de religião, cor, classe social, sexualidade ou identidade de gênero.
Isso é tão difícil de entrar na cabeça das pessoas?
Que cada um é único e tem o direito de sê-lo! Independente da vontade do outro.
Oi amigo, respondendo aos seus questionamentos.
ResponderExcluirA organização do evento partiu de um vereador que fez questão de para a banca convidar evangélicos que não concordam com a exclusão da questão de gênero do plano de educação do município, como uma forma de mostrar que não são todos os cristãos que concordam com esta exclusão e por isso o convite para que eu participasse, como cristão atuante e homossexual. As pessoas convidadas são de várias denominações evangélicas de batistas a pentecostais. Como o debate foi na câmara creio que houve convite aos demais vereadores, se estiveram presente não sei. Porém a votação foi esta semana e perdemos de 42 a favor da retirada contra apenas 2 contra, mas passará por nova votação. Fiquei sabendo que não tinham muitos evangélicos presentes fazendo piquete pela retirada, mas que haviam muitos católicos, infelizmente.
Humm é bem estranho.
ResponderExcluirCatólicos geralmente são menos fervorosos contra homossexuais.
Mesmo assim é triste, ver pessoas ignorando pessoas pela atração que elas tem seres diferentes. Uma coisa que não muda em nada no dia a dia de ninguém!
Enfim. A luz virá na hora certa.
Não sou religioso e quando vejo uma regra religiosa ultrapassada, sendo prioridade perto do respeito, então eu vejo que não se segue religião, mas sim a ignorância.
Torcendo pela abertura de caminhos melhores pra esse caso!