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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

OS MISERÁVEIS

Foram 3 meses de leitura e 33.900 paginas de um e-book. Umas das leituras mais longas que já fiz. Para quem está acostumado a ler até 1000 paginas em 15 dias, foi um desafio.
 
Enfadonha? Em nenhum momento.
Mesmo levando em consideração o fato de ter assistido ao musical lançado recentemente sobre a obra, e por isso, saber o desenrolar a estória. Li sem expectativas de me emocionar tanto quanto com o musical, que me fez chorar muito e ficar deslumbrado com tamanha beleza. Porém, creio que tenha sido isto que me chamou a atenção às demais partes do livro, detalhes que acredito passariam desapercebidos em outras circunstancia.
 
Se verdadeiras ou não, não consigo julgar, mas os interlúdios com fatos históricos e as introduções filosóficas feitas pelo autor, são um show a parte. No inicio, confesso, que queria mais era rever a estória do filme, ansiava por Jean Valjean e Fantini, porém toda a referencia histórica feito sobre Paris e sua pobreza, o olhar critico do autor, as pitadas divinamente inspiradas do evangelho e da graça em cada pagina, me fizeram acalmar.
 
Exemplo do que tenho dito, foram a descrição sobre a Guerra de Waterloo, detalhes sobre as características psicológicas de Napoleão Bonaparte, a Ordem da Adoração Perpétua, sobre o papel dos Conventos, sobre a linguagem Calão, entre outros. 
 
De todos estes, a que mais me impressionou foi a historia dos canos de esgoto de Paris, e a critica feita pelo autor, sobre os altos custos com saneamento básico, a pobreza do povo e a importância do esterco. Focado totalmente no bem estar social,  critica o progresso desordenado, o que trará ruina à cidade e manterá o povo miserável.
 
Victor Hugo, durante todo o livro, faz criticas contundentes a toda a forma de governo que manipula as camadas sociais mais baixas, mantendo os privilégios dos ricos e subjugado os menos favorecidos. Porém faz um contra ponto com a graça divina, o que chama de Providencia, e que é a luz que ilumina o coração do pobre.
 
Uso palavras do autor para descrever tão maravilhosa obra:
 
"Enquanto existir nas leis e nos costumes uma organização social que cria infernos artificiais no ceio da civilização, juntando ao destino, divino por natureza, um fatalismo que provem dos homens; enquanto não forem resolvidos os três problemas fundamentais: a degradação do homem pela pobreza, o aviltamento da mulher pela fome, a atrofia das crianças pelas trevas; enquanto, em certas classes, continuar a asfixia social ou, por outras palavras e sob um ponto de vista mais claro, enquanto houver no mundo ignorância e miséria, não serão de todo inúteis os livros desta natureza" - Hauteville House, 1862.
 
Super recomendo, e aos que se aventurarem, boa leitura!
 
 
 

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