Hoje pela manhã, desfazendo as
malas da viagem de final do ano, percebi o quanto mudei desde que passei a
morar sozinho. Como seres humanos, temos que mudar, adaptar-nos, e isto é uma
obrigação na vida, desde o momento de nosso nascimento: desmamar, andar, falar,
nos limpar, amarrar o cadarço do tênis. Mudanças que se tornam obrigações, e deixam
de ser momentos prazerosos, sinônimos de crescimento, amadurecimento e
liberdade, e tornam-se hábitos, ações mecânicas das quais nem nos damos conta.
Minha última postagem em 2012 foi
no dia 15 de novembro. Desde que comecei o Blog nunca havia ficado tanto tempo
sem escrever. Deixar de rabiscar, rascunhar, idealizar, poetizar, isso nunca,
minha mente é um turbilhão, mas odeio “obrigações”.
Onde estive este tempo? Vivendo.
A vida já é tão cheia de
obrigações, para que incluir mais algumas na lista? Apesar de algumas serem essenciais, não
devemos ceder às outras, como cedemos á números de pedidos em restaurantes fast-food:
“peça pelo número” - Não!! Quero fazer as minhas escolhas: adoçar, salgar e até
mesmo apimentar minha vida, como nas receitas da Dona Ofélia: “à gosto!”.
Se somos obrigados a trabalhar,
que sejamos então, desobrigados a sofrer com o trabalho. Que possamos trabalhar
com algo que gostamos, que nos dê prazer, e nos dê dinheiro, não muito, mas o
bastante para termos uma vida agradável e segura. E isto é só um exemplo.
Desobriguei-me da obrigatoriedade
de escrever, desobriguei-me de ter internet em casa, desobriguei-me de acessar
diariamente as redes sociais, desobriguei-me do conforto da casa dos maus pais.
Desobriguei-me de me ocupar, para aproveitar este momento de mudança, para
aproveitar a mim e uma solidão não obrigada, e sim escolhida. Eu não queria que
esta mudança se tornasse uma obrigação, não queria que fosse dolorida ou
traumática.
E para quem diz, e a obrigação de
limpar a casa, de fazer comida, de lavar a roupa e até mesmo de pagar as contas,
essas coisas chatas de morar só, eu digo: Me desobriguei. Mas me obriguei a
manter à casa limpa, a continuar me alimentando de forma adequada. Me obriguei
a cuidar das minhas roupas e a zelar por mim, pagando as contas daquilo que é
meu, e que foi a conquista de um sonho.
“Bom dia! – Disse o Pequeno
Príncipe.
- Bom dia – disse o vendedor.
Era um vendedor de pílulas
especiais que saciavam a sede. Toma-se uma por semana e não é mais preciso beber.
- Porque vender isso? Perguntou o
principezinho.
- É uma grande economia de tempo
– disse o vendedor. – Os peritos calcularam. A gente ganha cinquenta e três
minutos por semana.
- E o que se faz com esses
cinquenta e três minutos?
- O que a gente quiser...
- Eu, pensou o Pequeno Príncipe,
se tivesse cinquenta e três minutos para gastar, iria caminhando calmamente em direção a uma fonte...”
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