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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

DESOBRIGAÇÕES



Hoje pela manhã, desfazendo as malas da viagem de final do ano, percebi o quanto mudei desde que passei a morar sozinho. Como seres humanos, temos que mudar, adaptar-nos, e isto é uma obrigação na vida, desde o momento de nosso nascimento: desmamar, andar, falar, nos limpar, amarrar o cadarço do tênis. Mudanças que se tornam obrigações, e deixam de ser momentos prazerosos, sinônimos de crescimento, amadurecimento e liberdade, e tornam-se hábitos, ações mecânicas das quais nem nos damos conta.

Minha última postagem em 2012 foi no dia 15 de novembro. Desde que comecei o Blog nunca havia ficado tanto tempo sem escrever. Deixar de rabiscar, rascunhar, idealizar, poetizar, isso nunca, minha mente é um turbilhão, mas odeio “obrigações”.

Onde estive este tempo? Vivendo.

A vida já é tão cheia de obrigações, para que incluir mais algumas na lista?  Apesar de algumas serem essenciais, não devemos ceder às outras, como cedemos á números de pedidos em restaurantes fast-food: “peça pelo número” - Não!! Quero fazer as minhas escolhas: adoçar, salgar e até mesmo apimentar minha vida, como nas receitas da Dona Ofélia: “à gosto!”.

Se somos obrigados a trabalhar, que sejamos então, desobrigados a sofrer com o trabalho. Que possamos trabalhar com algo que gostamos, que nos dê prazer, e nos dê dinheiro, não muito, mas o bastante para termos uma vida agradável e segura. E isto é só um exemplo.

Desobriguei-me da obrigatoriedade de escrever, desobriguei-me de ter internet em casa, desobriguei-me de acessar diariamente as redes sociais, desobriguei-me do conforto da casa dos maus pais. Desobriguei-me de me ocupar, para aproveitar este momento de mudança, para aproveitar a mim e uma solidão não obrigada, e sim escolhida. Eu não queria que esta mudança se tornasse uma obrigação, não queria que fosse dolorida ou traumática.

E para quem diz, e a obrigação de limpar a casa, de fazer comida, de lavar a roupa e até mesmo de pagar as contas, essas coisas chatas de morar só, eu digo: Me desobriguei. Mas me obriguei a manter à casa limpa, a continuar me alimentando de forma adequada. Me obriguei a cuidar das minhas roupas e a zelar por mim, pagando as contas daquilo que é meu, e que foi a conquista de um sonho.

“Bom dia! – Disse o Pequeno Príncipe.
- Bom dia – disse o vendedor.

Era um vendedor de pílulas especiais que saciavam a sede. Toma-se uma por semana e não é  mais preciso beber.

- Porque vender isso? Perguntou o principezinho.
- É uma grande economia de tempo – disse o vendedor. – Os peritos calcularam. A gente ganha cinquenta e três minutos por semana.
- E o que se faz com esses cinquenta e três minutos?
- O que a gente quiser...

- Eu, pensou o Pequeno Príncipe, se tivesse cinquenta e três minutos para gastar, iria caminhando calmamente em direção a uma fonte...”

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