
"Não apenas estamos no mesmo barco, como todos sentimos enjoo” (G.K. Chesterton).
Todo cristão tem um tempo preconceituoso de vida, quando acha que tudo é pecado, ações de demônios e repreende até a sombra usando o nome do Senhor. Mas com o passar do tempo e estudo da palavra começa a descobrir que as coisas não são bem assim.
Eu tive um tempo assim, achava que faltar a um culto para sair com meus amigos era pecado, me faria menos espiritual, se fosse culto de domingo então, nem se fala, era como comprar o ticket de ida para o inferno e sem escala no purgatório. E neste tempo ignorante, me distanciava de tudo e todos que fossem contrários a doutrina a qual considerava libertadora, mas eu estava preso, vivia num gueto crente.
De uns anos para cá, venho percebendo o quanto isso foi prejudicial para mim e para os que necessitam de ouvir e vivenciar a salvação. A palavra de Deus diz que TODOS pecaram, isso inclui a mim e a todos os outros humanos desta terra, mas também diz que, onde abundou o pecado, SUPERABUNDOU à graça. O entendimento destas pequenas porções bíblicas trouxeram luz, libertando-me do preconceito e julgamento, tão condenados por Jesus, porém, tão praticados pelos “crentes” de hoje.
Estamos todos no mesmo barco, e sentimos enjôo, em maior ou menor proporção, mas não deixa de ser enjôo. E Deus em seu infinito amor, não escolheu por quais pecados seu filho morreria, Ele levou o pecado de todos nós, permitindo que todos fossem alvos da graça. E como eu, alvo dessa graça, vou impedir que outros a alcancem, ou vou listar quais pecados merecem perdão e quais merecem fogo e enxofre? Corro o grande risco de condenar a mim mesmo.
Jesus em nenhum momento se privou de estar com os pecadores, e em certo momento ele disse: Os sãos não necessitam dos médicos e sim os doente; não vim chamar os justos, e sim pecadores.
Mas o que isso tem a ver com gays? TUDO e não só com eles, mas com todos os pecadores, incluindo eu e você.
Alguns religiosos de plantão dizem que há um movimento pró-gays, que militantes querem impor uma ditadura gay, mas se esquecem que temos por outro lado um movimento anti-gays que alastra violência, preconceito e morte sem precedentes em nome da família e de Deus.
Eu pergunto: De que lado dessa guerra Deus realmente está? Ou ainda: Quem está percebendo que gays ou não, tratam-se de pessoas que foram alvos da graça de Deus e merecem ser amadas e respeitadas?
Em seu texto
“SOBRE O AMOR AOS GAYS E AS MÃES QUE QUEREM ABORTAR” para o site Cristianismo hoje, Carlos Carrenho diz:
Da mesma forma – embora, tomando-se por base os textos bíblicos acerca da questão, pareça impossível não condenar o homossexualismo –, defenderei com todas as minhas forças que os gays tenham direitos absolutamente iguais aos dos heterossexuais. A moral individual ou de um segmento social jamais deve ser imposta sobre a sociedade como um todo; esta é uma premissa básica da liberdade. Em outras palavras, eu não posso exigir de um não-cristão que ele se comporte de acordo com os mandamentos bíblicos, da mesma forma que um muçulmano ou judeu não pode exigir que eu viva sob seus preceitos morais (...) Se o próprio Deus nos legou o livre arbítrio ou, no mínimo, permitiu que cada ser humano escolha entre pecar ou não, não cabe a nós criar legislações que oprimam aqueles que querem uma vida diferente da que levamos como cristãos. Nossa obrigação é amar ao próximo, seja ele gay ou não, tenha ele optado ou não por um aborto. Quando aprendermos a amar aqueles que são diferentes, seremos mais capazes de influenciá-los do que por meio de legislações opressoras anti-libertárias.Já Hermes Fernandes em seu texto
“IGREJA GAY: UMA VERGONHA PARA OS EVANGÉLICOS” no site Solomom1, diz:
Não estou dizendo que as igrejas deveriam legitimar sua conduta. Não! Apenas afirmo que devemos ser mais misericordiosos, compassivos, agindo mais ou menos como nosso Mestre agiria. Me recuso a acreditar que Jesus os rechaçaria. Também não acredito que Ele estimularia que Seus seguidores se entrincheirassem contra os homossexuais, como tem sido feito. Tornamo-nos seus inimigos número 1. Como poderemos evangelizá-los? Como poderemos conduzi-los aos pés do Salvador? Será que somos melhores do que eles? Será que nossa avareza, idolatria, inveja, carnalidade, ocupam um lugar de menor importância dentro da lista de pecados condenados pela Palavra? Sinceramente, creio que a Igreja deveria se manifestar solidária a todo grupo humano minoritário que buscasse ser respeitado. Sem endossar qualquer que fosse a conduta pecaminosa, deveríamos comprar uma briga pelas prostitutas, homossexuais, seguidores das religiões afro-brasileiras, ciganos, etc.
Lembro-me das palavras de Jesus que diz que somos luz do mundo, e essa luz não pode estar oculta, mas iluminar a todos. Não podemos viver em guetos crentes e nos esquecer que a luz que há em nós deve resplandecer nas trevas. Se isolar do mundo vai contra a missão da Igreja de pregar as boas novas de salvação a TODA criatura.
Hoje tenho muitos amigos, muitos amigos gays. Muitos deles são cristãos que amam a Deus, porém sofreram nas mãos de pessoas como EU, que se sentem “filhos do rei” e acham que por isso podem legislar sobre a vida dos outros, e por isso agem mais como “filhos do inferno” , impedindo que aqueles que estão às portas do reino, possam entrar. Alguns deles, acharam que podiam confiar no irmão super-espiritual, e acabaram tendo sua vida exposta na congregação, e foram vitimas de todo o tipo de retaliação, outros foram expulsos. Alguns deles querem voltar, outros preferem qualquer outra coisa que o convívio com crentes. Muitos estão felizes com a vida que levam e outros sofrem por querer ser “normal”.
Será que a abordagem da igreja em relação a este assunto está correta, uma vez que ao invés de luz, amor e cura, estamos levando trevas, decepção, sofrimento e ódio?
Hoje não vejo diferença em ser glutão ou homossexual. Jesus morreu para perdoar ambos e permite que cada pessoa escolha permanecer na pratica ou não.
Conseqüências? Tem gente que adora pregar fogo e enxofre, então toma:
Disse Jesus: Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade – Mateus 7:22 – 23.
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