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quarta-feira, 3 de junho de 2015

CARTA AOS MEUS PAIS(TORES)

Oro para que não vociferem em seus púlpitos que homossexuais são abomináveis a Deus, pode haver uma criança ouvindo e esta criança pode ainda não saber o que é homossexual, muito menos abominável, mas já pode se sentir estranha em relação ao sentimentos que guarda por alguém do mesmo sexo.


Sendo inevitável  pregações contra os homossexuais, oro para que vocês incluam em seu discurso com toda a sinceridade e verdade, que Cristo também morreu por nós, que também nos ama, e que Sua graça não é merecida por ninguém e mesmo assim, alcança a todos.

Tomem cuidado ao abordar o tema, vocês podem estar sendo usados não como instrumento de cura, mas como instrumento de tortura e violência psicológica à tantos adolescentes e jovens que vão às igrejas em busca de amor e aceitação, mas encontram ódio e rejeição. 

Prestem atenção quando oferecerem cura, eu orei e jejuei dos 13 aos 28 anos, foram 15 anos buscando libertação e vocês são testemunhas disso. Por não alcançá-la e por se sentirem culpados de não conseguir mudar sua orientação sexual, muitos gays pensam em suicídio e muitos outros dão fim a própria vida.

Precaução ao aconselharem os pais que suspeitam dos seus filhos, eles nada fizeram de errado para ter um filho gay. Incitem o amor, o cuidado, a aproximação e não a rejeição. Muitos gays caem no caminho da prostituição por terem sido colocados para fora de casa.

Não permitam que seus membros isolem um gay, a igreja deve ser um lugar de acolhimento e de afetos. Jesus disse: ninguém que vem a mim lançarei fora. a ninguém Ele desprezou, do leproso ao ladrão, a todos recebeu em seu Reino.

Campanhas de jejum, orações no monte e desafios, nada disso tem maior poder que o amor. Então prestem bem atenção no que orientam àqueles que os procurarem pedindo ajuda. Amem em primeiro lugar. Vocês podem matar espiritualmente uma pessoa, que após ter feito de tudo, não viu de Deus a resposta que esperava, fazendo-a assim perder a fé que a pode salvar.

Não queiram fazer o papel de deuses e tentar modificar a pessoa, não ensinem o jovem a falar grosso, a coçar o saco, a deixar de desmunhecar ou a menina a se maquiar, a usar saias, soltar o cabelo ou ser mais feminina. Há coisas que são da essência, é o que a pessoa é, e não determinam a homossexualidade. Tentar mudar o jeito da pessoa com forma de transforma-la é violência psicológica e tormento, é lançar a pessoa em vida, num inferno.  

Não demonizem a pessoa, proibindo de subir ao altar, impedindo-a de atuar na igreja e de abençoar a comunidade com seus dons e talentos. Lembre-se que os dons e a vocação são irrevogáveis e dados por Deus como presente a todos os homens para beneficio do corpo de Cristo e que o verdadeiro templo somos nós e não a construção do homem,

Não condenem como se mudar fosse fácil como trocar de roupa,, não é fácil conviver com a culpa de ser e existir, com os olhares atravessados e de condenação, com o assédio sexual de conhecidos e parentes que só querem confirmar suas suspeitas e aproveitar para cometerem abusos por meio de ameaças de contar para todos.

Não orientem que gays façam sexo heterossexual com a desculpa de que estão confusos e que precisam experimentar para tirar a dúvida.

E por fim, não lancem ninguém no inferno, primeiro porque esta autoridade Deus não te deu. E depois, você pode matar espiritualmente alguém que tem todas as chances de ser salva, mesmo que não seja a sua idealização de salvação. Ela pode ser salva de viver atormentada ao aceitar o amor de Deus e aceitar-se como é.

Certas coisas precisam ser ditas, mesmo que doendo. Estas fazem parte da minha experiencia como cristão e gay e são rememoradas aqui, para que muitos não sofram com elas como eu sofri. Foi isto que vi, ouvi e experimentei. O que sou hoje é fruto destas experiencias.

Eu resisti, mas muitos desistem e ficam pelo caminho, vivos ou mortos, com o consentimento, o amém e, em alguns casos, com os aplausos da congregação.

Pense nisso!


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