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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

QUEM É DEUS, AFINAL?

Mais uma vez surpreendido por Rob Bell e sua forma diferente de enxergar Deus.
 
Em "What we talk about when we talk about God" com tradução livre "O que falamos, quando falamos sobre Deus", mas traduzido como "Quem é Deus, afinal?" o polemico autor de O amor Vence nos mostra de forma fascinante o porquê Deus é o mesmo ontem, hoje e será sempre.

Quem já assistiu a série "Everything is Spiritual" tem um pequeno vislumbre do que nos aguarda logo nos primeiros capítulos do livro, Com argumentos que vão da filosofia à física quântica, Bell vai descortinando sua visão sobre Deus, desconstruindo a visão ultrapassada da religião e refazendo alicerces através dos ensinamentos de Jesus.

O objetivo primário do livro é mostrar que Deus não é coisa do passado, que ele é para o agora, para  já e para o amanhã, que Ele não está contra a ciência, mas que a ciência esta para comprovar suas maravilhas, e que a despeito do que você acredite, ele está para, por e com você.

Rob Bell não tem interesse em desfazer a fé ou os ensinamentos antigos, mas sim, em revelar que Deus sempre esteve à frente de nós, que suas palavras sempre apontaram para um outro tempo, pois Deus em sua ciência, vislumbrou algo melhor e mais humano. Desde os remotos tempos do velho testamento, suas leis, por mais absurdas que nos pareçam hoje, tiveram um tom revolucionário para a época, a fim de humanizar seu povo, fazendo-os precursores de uma nova cultura, onde reinaria a justiça. Infelizmente, eles não entenderam e mutos de nós ainda também não.
 
E este Deus não mudou, e ainda hoje convida seus filhos a serem precursores de um novo tempo, em favor de todos os seus filhos na terra, por meio do amor.


Recomendo a leitura.


domingo, 3 de agosto de 2014

MEU CRIME: HUMANIZAR E AMAR

Nasci em uma cidade pequena, cidadezinha do interior. Pequena, mas não desconhecida. Diziam: "de lá, não vem nada de bom!" Para piorar as coisas, minha mãe me concebeu antes de se casar. Mãe solteira, que vergonha! O que fez mamãe fugir para casa de parentes distantes durante a gravidez.

Mas fugia de que?!  Olhares maldosos, palavras felinas, pedras, que parentes, amigos e vizinhos poderiam lhe atirar. Mamãe só retornou à nossa cidade, quando papai resolveu se casar. Ele demorou a se decidir, era comerciante conhecido, teve medo que a má fama prejudicassem os negócios.

Já nasci sentenciado, um filho de ninguém. Um filho só de mãe.

Meu nascimento foi estranho, nasci em meio a uma viagem. Casas, hotéis, ninguém pode nos abrigar. As cidades estavam cheias. Por pouco mamãe não deu à luz na rua.

Eu me sentia estranho. Desde a minha chegada tudo mudou. Vivíamos fugindo, com medo, escondidos. Nem me lembro quando voltamos a nossa cidade.

Vivi a minha infância, adolescência e juventude como uma criança normal. Seria mais normal se mamãe não guardasse tanto cuidado comigo. O que faziam com que eu fosse motivo de piadas entre colegas. Com poucos amigos, me restavam os mendigos e os doentes daquela pequena cidade, este sim sabiam viver. Embora excluídos e abandonados não perdiam a força de vontade. Um dia após o outro, e a vida era vencida.

Me apeguei a religião como forma de amenizar a dor e o deslocamento social que sentia. Estudava tanto, que podia debater com um professor. Embora autodidata, me viam como inferior.

Por reconhecer a dor da existência, minhas palavras atingiam a alma. Então os cansados e sobrecarregados passaram a me procurar. Nos montes e nas praias ficou difícil me ocultar. O filho do comerciante, amigo de pecadores e prostitutas, comilão e bebedor de vinho, que anda com doentes e excluídos. Isso sim era fama, da inexistência a existência, a vida começou a mudar. 

Na religião que outrora me preenchia, a inveja começou brotar. Da multidão, amores, desejos, milagres, perseguição. Pelos que me procuravam como Rei, do dia para a noite, fui declarado ladrão.

Crucifica, crucifica, aclamaram com paixão. Fizeram da morte minha amiga e para o mundo a solução. E todo o temor que rondou a minha vida agora se apoderava de minha alma. Me senti sozinho, sem rumo, sem razão, sem Deus,

Caminhei por algumas horas carregando o peso de toda minha vida, e sentia também o peso de todo o mundo, principalmente daqueles que sem causa me odiaram. Eu, um simples homem, sem atrativo ou formosura, contado com os rejeitados, feitos amigo dos marginalizados, e por isso castigado.

Meu crime: "Me humanizar e amar".