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domingo, 15 de setembro de 2013

POR UMA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

Quando você se propõe a ler um livro com um nome destes, é impossível não criar expectativas. Principalmente quando você já conhece o autor e sabe que o que te espera são pensamentos impressionantes que vão te fazer cambalear entre várias emoções.
 
É assim que Rubem Alves escreve seus textos, para que ao ler, percamos o fôlego.
 
E logo no prefácio chamado "Sobre Deuses e Caquis" ele te dá um banho de água fria, e diz: "Peço desculpas por ter escrito um livro assim tão chato (..) escrevi feio, sem riso ou poesia".
 
E em outro momento, orienta, a pular determinado capitulo, dizendo que "lá o caqui está verde, pega na boca, adstringente, e quem não foi treinado tem vontade de cuspir."
 
E faz do prefacio, a parte mais bela do livro, cita: Nietzsche, Emily Dickinson, Cecilia Meireles, Adélia Prado, Guimarães Rosa, Mozart, Chico Buarque entre outros, e assim, vai cativando o leitor, que esquece suas recomendações.
 
O livro se torna denso, uma linguagem pesada, que parece se repetir, e a vontade é realmente de desistir. É como virar mil  paginas e permanecer na mesma, até que de repente uma luz aparece e mesmo através de linguagem teológica, muitas vezes de difícil entendimento, Rubem Alves reaparece, com seu pensamento revolucionário para a época.
 
"Jesus aponta o mesmo problema [da Lei] ao indicar que o significado original dos mandamentos se colocava em favor do homem, mas que tal significado havia se perdido através de um processo de congelamento, que deles fez um poder anti-humano"
 
E assim, capitulo após capitulo, vai iluminando o caminho para devolver ao homem a sua humanidade e a possibilidade de resignificar a sua fé e a sua capacidade de transformar o mundo a sua volta, libertando-se das cadeias de uma religiosidade fria e de um sistema político-social que visam mantê-lo.escravo, mas com aparência de liberdade.
 
Recomendo a degustação com paciência.
 

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