Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo; Mas está debaixo de tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo. Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo. - Gálatas 4:1-7
Como já vimos nos dois primeiros textos sobre o tema maturidade, entendemos que a maturidade, não está relacionada ao tempo de vida, mas sim, às experiências vividas no tempo. E no texto acima Paulo descreve que, Deus aguardou até a plenitude dos tempos, para revelar-se de uma forma totalmente nova e diferenciada. Deus em sua sabedoria aguardou pacientemente para que Israel aprendesse com todas as experiências dolorosas que sofreu, que Deus é bondoso e amoroso.
Paulo, nos dá um relato simples, mas simbólico do processo de maturidade que passou a humanidade, do seu tempo de menino sob tutela até a maturidade:
1. Infância: Adão e Eva por ter uma visão equivocada do mundo e de Deus:
Como crianças mimadas enganadas pelos presentes que ganham, ao se verem num jardim criado para eles, acreditaram que deveriam ter tudo, inclusive ser "como Deus" - conhecedores do bem e do mau e tomaram da árvore que Deus havia dito que pertencia a Ele.
"Deus não nos ama e esta pronto para nos punir, por isso, devemos fazer tudo para não deixá-lo mais zangado que já é".
2. Escola: É o período dos patriarcas, juízes, reis e profetas. Onde a Lei é dada, pois a criança precisa de balizadores para seu comportamento, o faça assim e não assim é imprescindível para mantê-las em disciplina. Porém já era dado indícios da necessidade de pensarem por si só.
"De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados". - Gálatas 3:24
3. Plenitude dos tempos: Em Jesus, Deus desfaz todo o equivoco sobre sua imagem de velho rabugento e irado, e mostra toda a sua face amorosa, adotando toda a humanidade como filhos legítimos, pelo Espirito que clama Aba-Pai!
A plenitude dos tempos, é este tempo de maturidade, onde regras e preceitos não são mais necessários, e sim, uma nova forma de viver e encarar o mundo. É como se Cristo estivesse reivindicando: "MEU CORPO, MINHAS REGRAS".
Em várias referencias dos evangelhos, Jesus se utiliza de uma frase aparentemente simples, mas repleta de simbolismo: "Eu porém vos digo"; Antes de apenas simbolizar que com sua morte e ressurreição, a Lei seria cumprida e por isso abolida (Romanos 10:4), Jesus chama a atenção do povo para uma espiritualidade mais profunda, isto é, que excedesse o legalismo excessivo dos escribas e fariseus que priorizavam a lei antes da vida (Mateus 5:20). O que é também testificado pelo autor da carta aos Hebreus:
Porque se aquela primeira - Lei - fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda (...) Porque repreendendo-os lhes diz: (...) estabelecerei uma nova aliança (...) porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei (...) porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e prevaricações não me lembrarei mais. Dizendo nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar. - Hebreus 8:7-13
A obra que estava por ser realizada por Jesus, por meio de sua morte e ressurreição, estabeleceria um novo tempo, onde não caberia legalismos, e sim, uma fé que atua pelo amor, pois o amor é o cumprimento da Lei. (Romanos 13:10).
4. Meu corpo, minhas regras: Mesmo após o clamor do Espirito Santo a Pedro para este entendimento, de que em Jesus até os gentios seriam salvos pela fé, sem as obras da lei (Atos 10 ), e não havendo entendimento por ele, mas dissimulação; Paulo entende que foi chamado para evangelizar os gentios (Gálatas 2). E a partir de então, nos chama ao despertamento para esta nova realidade. Em diversos trechos de suas cartas, ele convoca a igreja, a vivenciar esta maturidade, a deixar de lado os preceitos de homens e experimentar a nova vida em Cristo.
"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor" - Efésios 4:11-16
Paulo nos desafia a uma experiência de fé, em comunidade e em amor, sinalizando que nosso crescimento espiritual virá desta experiência até que cheguemos a estatura de Cristo, devendo então, buscar ardentemente o alimento espiritual necessário para isto.
A questão é, onde se perdeu toda esta busca por maturidade solicitada por Paulo que o faz clamar: "Quem vos fascinou insensatos Gálatas, para não obedecerdes a verdade (...) tendo começado pelo espírito, acabeis agora pela carne?".
1. Na negligencia do homem com as coisas espirituais.
1. Na negligencia do homem com as coisas espirituais.
"Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os adultos, os quais, em razão da prática, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal." - Hebreus 5:11-14
O autor da carta inicia dizendo que tem mais a falar sobre a obra de Cristo, coisas mais profundas, entretanto o povo era negligente ao ouvir. Isto é, não davam a devida importância ou atenção, eram preguiçosos e desleixados no ouvir a palavra, e isso impossibilita o crescimento da fé. "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Romanos 10:17). Paulo, ainda afirma em Romanos 10 que, por desconhecerem a justiça de Deus, procuramos estabelecer nossa própria justiça, negando a justiça que vem de Cristo. O motivo de tal debilidade era consequência direta de serem ouvintes tardios em colocar em pratica a palavra de Deus. "Tornai-vos pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos, a vós mesmos" (Tiago 1:19-27)
Paulo afirma que cristão criança, imaturo, é ainda um cristão carnal, egoísta, que busca seus próprios interesses e vontades. Como já vimos, são pessoas que tem incapacidade de se aprofundar nas verdades bíblicas, é levado por doutrinas humanas, demostra desinteresse pelas coisas espirituais, tem temperamento sensível, se ofende por qualquer motivo, e quer tudo a seu modo, sendo apenas espectador e não ativo na igreja.
2. Disposição para buscar apenas o que é do próprio interesse:
"Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas" - 2 Timóteo 4:3-4
Quantas religiões, igrejas e teorias teológicas existem? Quantas surgem a cada dia? Nada disso é novo ou não foi previsto. O próprio Jesus afirmou que surgiriam falsos cristos e que enganariam a muitos.
Perdemos a capacidade de discernir o Espirito de Deus, pois aquilo que soa agradável aos nossos ouvidos e interesses do coração, se tornam instantaneamente "verdade". Porém a verdade nos confronta em nossa identidade, em nosso caráter, em nossos afetos, livrando-nos do engano de que somos perfeitos e plenos.
Paulo quando fala de maturidade, trata de comportamento e disposições afetivas e mentais, ele fala de maturidade com as lentes do amor, com um único propósito, que Cristo seja o cabeça.
"O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" - Efésios 4:14,15
Pensei nisso!!