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domingo, 18 de março de 2012

A FELICIDADE É DISCRETA

Relendo um arquivo com minhas frases do twitter, percebi o quanto são melancólicas, há uma dor intrínseca em casa palavra. Dos quase três anos em que mantenho a conta, ao menos dois deles foram dedicados quase que exclusivamente a vivencia de uma dor, de choros e tristezas.

Sim, estava sofrendo de verdade, um amor não correspondido, uma crise de identidade, mudanças de valores, etc. Estava vivenciando um conflito interno e só o que conseguia fazer era escrever.

Esta dor aos poucos foi embora e já não a sinto. Mas o fato estranho é que percebi que na mesma proporção, a inspiração para escrever também foi diminuindo.

Pesquisa realizada pela Universidade de Vermont EUA que analisou 46 bilhões de palavras tweetadas por 63 milhões de usuários desde 2009, concluiu que a felicidade global está em declínio, o mundo está ficando mais triste. A pesquisa levou em conta, vários incidentes globais que aconteceram a partir daquele ano, como o tsunami no Japão, surto de gripe suína e etc, porém houve um aceleramento na utilização de palavras tristes no primeiro semestre de 2011.

Porque a tristeza é tão explicita? Porque falamos tanto de nossos desafetos e problemas? Porque os momentos felizes são menos cultuados que os de tristeza? Porque sofremos por dias quando alguém morre e não fazemos festa quando um novo humano nasce? Porque um rosto triste é tão facilmente identificado, e um rosto alegre passa como um rosto normal? Porque não existe um telejornal com notícias boas?

Porque a tristeza é tão sintomática e somatizante?

Sou daqueles que acreditam que não nascemos para a tristeza. Deus ao criar o homem o colocou num jardim chamado Éden que significa jardim de delicias. E por isso quando sofremos queremos colocar a dor e a tristeza para fora, não importando o meio. São como corpos estranhos dentro de nós, e que tentamos expulsá-los.

O motivo de buscarmos a felicidade, e nunca nos satisfazermos nesta busca, deve-se ao foto de que a comparamos com a tristeza. A tristeza grita, se mostra, alardeia: Estou aqui! Afelicidade não!

A felicidade não faz propaganda de si mesma, ela não é um produto, e nem esta a venda. Ela é o nosso estado de direito, nosso lugar comum, e por isso, queremos guarda-la conosco.

Só consegue percebê-la quem olha nos olhos e enxerga o brilho que ela os dá, caso contrário, é quase imperceptível.

A felicidade é discreta.

3 comentários:

  1. Nossa, como isso tudo é verdade...
    Também sinto que a minha inspiração é muito mais forte quando estou triste... mas deveria ser ao contrário neh? A felicidade poderia nos inspirar mais...
    Mas acho que na realidade isso acontece porque quando sofremos uma "perda" temos a necessidade de dividir isso com os outros e/ou com o papel para tentar aliviar o nosso sofrimento...
    A felicidade não... a felicidade a gente não espalha... até por medo de que alguém "nos acorde" ou a roube de nós...

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  2. Lindo! Realmente estou me sentindo assim, muuuuuuito feliz mas sem a necessidade de explodir fogos por isso.

    Excelente reflexão... Vou copiar as suas duas ultimas, mas te darei todo o crédito, rs,rs,rs

    bjs

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  3. Talvez a gente tenha medo de mostrara felicidade que sentimos por medo de alguém "roubá-la" de nós. A tristeza, ninguém quer sentir e por isso não emos medo de mostrar ao mundo...

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