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domingo, 6 de fevereiro de 2011

AMERICAN LIFE ON CHURCH



Falar de Madonna para alguns religiosos é falar de transgressão e falta de limites, isso para ser bonzinho. Mas também é falar de inovação, de ousadia e de quebra de paradigmas artísticos, culturais e sociais. Posso estar exagerando e me perdoem caso realmente esteja, por isso, é bom deixar claro que não sou fã de Madonna e também que não tenho nada contra, apenas reconheço o papel artístico que ela tem. Mas porque falar de Madonna?

Não! Não falarei de Madonna. Podem ficar tranqüilos, mas inspiração não tem hora e não escolhemos de onde vem, e desta vez a música American Life foi o combustível para fazer minha cabeça pirar em pensamentos sobre o “sonho americano” ou podemos dizer “pesadelo americano”, como é expresso nos versos da canção e no clipe ousado, e que por isso foi censurado.

Muito já foi dito, escrito e cantado sobre o sonho americano, que refletiu o desejo dos seus colonizadores de viver em uma terra de liberdade, direitos inalienáveis, felicidade, paz, tolerância, numa sociedade justa, fraterna e sem opressão. É de se admirar que os primeiros colonos da America, foram um grupo religioso - os puritanos – que tinham a idéia de fazer dela um novo paraíso.

É inegável os resultados práticos dos conceitos cristãos naquela terra, realmente “God Blessed America”, mas também é incomparável o que o desejo de manter o status de terra da liberdade a todo custo pode fazer. A história nos mostra isso para tristeza, e também para reflexão, porque a Bíblia nos mostra exemplos muito parecidos em Israel, quando a busca pela riqueza, fama, poder e liberdade, desviaram aquele povo de um propósito maior.

Mas onde está o problema? Está onde deveria estar o equilíbrio - na religião – gostando ou não, ela sempre foi o termômetro para que o homem não declinasse num poço sem fim, guiados por seus extintos mais baixos.

Podemos ver nas histórias de Israel que sempre que eles desviavam-se do propósito de Deus para eles, pela busca do “sonho americano”, este sonho se tornou em pesadelo, e Deus, em sua infinita misericórdia, sempre levantava um libertador, para os fazer lembrar o que realmente importa na vida. Em Deuteronômio, o Senhor fala por meio de Moisés dizendo:

“Guarda-te não te esqueças do Senhor teu Deus (...) para não suceder que, depois de teres comido e estiveres farto, depois de haveres edificado boas casas e morado nelas; depois de se multiplicarem os teus gados e os teus rebanhos, e se aumentar a tua prata e o teu ouro, e ser abundante tudo quanto tens, se eleve o teu coração, e te esqueças do Senhor, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa de servidão (...) não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas. Antes te lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é ele o que te dá força para adquirires riquezas; para confirmar a sua aliança.” – Deuteronômio 8: 11 – 18.

Porém infelizmente, já há alguns anos, o “sonho americano” virou o sonho de alguns seguimentos religiosos. Por meio da teologia da confissão positiva e da prosperidade, palavras como conquistar, tomar posse, ser cabeça e não calda, estar em cima e não embaixo, minha benção, minha promessa, meu milagre, prosperidade, vitória, restituição; encheram as pregações, as músicas, a literatura e a cultura cristã em geral, tomando lugar de palavras como amor, fraternidade, caridade, abnegação, sacrifício, doação, serviço, etc. O que não percebemos, são os males que essa inversão de valores nos trouxe.

Igrejas superlotadas em cultos temáticos relacionados à vida financeira, campanhas e mais campanhas de restituição, vitórias, sonhos; enquanto cultos de oração, ou eventos de assistência social estão vazios. Igrejas sendo processadas por membros, acusados de “propaganda enganosa” e isto sempre relacionado a promessas feitas com base na oferta de um valor financeiro.

Tornamo-nos como escreveu o Apostolo Paulo: soberbos, presunçosos, insolentes, inventores de males, insensatos, pérfidos, buscando a qualquer preço o benefício próprio, por meio de uma disposição mental reprovável, cheios de injustiça, inveja, malicia, avareza, maldade, sem feição natural ou misericórdia.

E o que vemos por ai, é a o replay da torre de Babel, o desejo de chegar ao topo, a busca por ser o maior e o melhor, tem desviado a muitos, conseqüência de uma espiritualidade superficial baseada no ter e não no ser, no aqui e não no porvir.

Sobre isso já tinham profetizado os profetas e apóstolos. Mas, mais uma voz se faz ouvir e assim canta Madonna, denunciando o pesadelo americano, que degenera a alma humana:

Eu tenho que mudar meu nome? Isso vai me fazer ir longe? Eu devo perder alguns quilos? Eu vou ser uma estrela? Esse tipo de vida moderna é pra mim? Esse tipo de vida moderna é de graça? Entâo eu fui a um bar procurando por solidariedade, um pouco de companhia, eu tentei encontrar um amigo. Eu tentei estar a frente, Eu tentei estar no topo, Eu tentei fazer o papel, Mas de alguma forma eu esqueci por que eu fiz tudo isso, E porque eu queria mais? Esse tipo de vida moderna é pra mim? Esse tipo de vida moderna é de graça?

E ela termina em grande estilo: “Eu gostaria de expressar meu ponto de vista com franqueza, não sou cristã nem judia, só estou vivendo distante do sonho americano, e acabo de descobrir que as coisas não são o que parecem ser”.

Pense nisso!

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