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domingo, 19 de dezembro de 2010

NATAL - UMA VISÃO DAS ENTRELINHAS


A história do nascimento de Jesus é cheia de contradições sociais, religiosas e culturais, desde os ancestrais do Cristo, até o enredo que dá pano de fundo a história. Tais detalhes são imperceptíveis quando nos atentamos apenas a grandiosidade do nascimento, porém, Deus nas entrelinhas, tem mais a nos mostrar.

Israel em sua cultura religiosa esperava o Messias com um ditador militar, de linhagem nobre, forte e poderoso que iria destruir os inimigos de Israel e estabelecer o reinado de Davi para sempre, porém Deus escolhe outro pano de fundo para desenrolar essa historia. Podemos sem erros dizer que, Deus pensa fora da caixa e é ilimitado em sua maneira de agir, surpreendendo-nos, como alguém disse: usa as coisas loucas, vis e desprezíveis deste mundo para confundir as sábias. E nesta situação, ele quebrou com todos os paradigmas criados pelo homem, e que outrora, eram tidos como palavras de Deus.

A família de Jesus apesar de fazer parte da linhagem real, não era das mais favorecidas ou reconhecidas. Habitavam em Nazaré, uma cidade interiorana que sofria preconceito, pois diziam: “Pode sair algo de bom de Nazaré?”. Se analisarmos os seus ancestrais, veremos prostitutas, assassinos, adúlteros, pessoas das quais a Lei de Moisés dizia que não eram dignas de entrar no templo, realmente pecadores. E porque Deus os escolhe?

A sociedade israelita tinha preceitos morais muito bem estabelecidos e a situação em que Deus colocou Maria e José, foi das mais perigosas, havia risco de morte para ambos.

Maria uma jovem solteira, prometida a José, aparece grávida da noite para o dia. O que os religiosos locais e vizinhos pensaram? Qual o tamanho da vergonha que ela, e sua família sofreram? Com certeza ela não era a primeira mulher “desonrada” na cidade ou em Israel, mas quem acreditaria em sua história de que estava grávida do Filho de Deus, ou que fora visitada por um anjo? Porque Maria precisou ficar por seis meses na casa de sua prima Isabel? Será que tentaram apedrejá-la como ordenava a Lei?

Temos o lado de José que, logo sabendo da situação de Maria, cancelou o noivado. Com que cara José o “traído” saia para trabalhar, ia à sinagoga ou encarava sua família e amigos? Quais sentimentos ele experimentou nestes momentos de suposta traição? A mulher que amava o traiu, estava grávida de outro, que desonra para um jovem de cidade pequena. E apenas após a intervenção de um anjo, ele volta atrás na decisão de deixá-la, se casaram. E como justificar que (não) haviam tido relações sexuais antes do casamento? Como fugir das penalidades previstas na Lei de Moisés? Será que em algum momento ele não duvidou de toda a história?

Percebo Deus se aproximando ao máximo do homem, desde a concepção do Cristo, indo até os mais baixos sentimentos experimentados por nós, mas por quê?

O nascimento do Cristo era a esperança de Israel, e esta esperança os redimiria dos seus inimigos, como também, seriam redimidos, seu espírito e alma, dos inimigos interiores, de si mesmos. E, além disso, Deus redimiria também sua cultura, religião e vida cotidiana, que estava impregnada de regras humanas que os impediam de achegarem-se a Deus.

Deus realmente faz do nascimento do Cristo, um evento completamente alheio as regras e cultura israelitas, um escândalo, uma blasfêmia, porém uma realidade humana, vivenciada dia a dia, mas varrida e escondida em baixo do tapete, pela hipocrisia e vanglória humana.

Deus revela assim que o Cristo é para todos, e este é o verdadeiro sentido ou espírito de Natal – Há esperança para todos.

Não importa como está sua vida, se ela anda na direção dita como certa pela sociedade, se o seu passado é negro, se a sociedade te aceita com suas diferenças, ou se as leis humanas não te favorecem, há uma esperança!

A misericórdia ira triunfar sobre o juízo, a graça de Deus se manifestará salvadora sobre os homens, e todos poderão ser chamados de filhos de Deus, por meio de Jesus Cristo.

“Mas para a terra que estava aflita não continuará a obscuridade (...) o povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz (...) Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz.” – Isaías 9.


Pense nisso!

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