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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

2020, Um ano para esquecer

2020 

Um ano para esquecer?

Não!


Não posso esquecer o ano em que o descaso das autoridades gerou mais de 200 mil mortes. E ficamos passivos e calados. Só quem viu nossa indignação foram as redes sociais.

Não posso esquecer o ano em que ficou evidente que não ser um cidadão politico é muito prejudicial. Ficar em cima do muro e deixar que decidam por você, a vida ou a morte. 

Não posso esquecer o ano em que 22 crianças negras foram baleadas e/ou assassinadas enquanto brincavam.

Não posso esquecer o ano em que o racismo, o femininístico e toda sorte de preconceitos mostraram a cara, quando todos acreditaram que a pandemia traria solidariedade e tolerância. 

Não posso esquecer o ano em que não acreditei que as pessoas evoluiriam, mas antes,  mostrariam pelo individualismo, sua face mais cruel. 

Não posso esquecer o ano em que a ausências - além da morte - também doem e a saudade bate com a mesma intensidade. 

Não posso esquecer o ano em que a morte mexeu tanto comigo. E eu, que acreditava ser resolvido neste assunto. 

Não posso esquecer o ano em que vi meus amigos sofrerem sem poder estar por perto para dar uma abraço forte e silencioso. 

Não posso esquecer o ano em que mais uma vez, tive transtorno de ansiedade generalizado com uma intensidade assustadora e isso durante as férias. 

Não posso esquecer a dor, o medo, a vontade de morrer, o choro e a revolta. 


2020 

Um ano para esquecer? 

Não!

 

Não posso esquecer o ano em que minha família sentou para colocar as mágoas do passado para fora e assim, seguirmos em frente. 

Não posso esquecer o ano em que vi uma igreja pequena realizar, acima da sua capacidade, aquilo que prega e mesmo fechada, ser igreja nas ruas, nos asilos, nos orfanatos e até online.

Não posso esquecer o ano em que novamente o amor ao pastoreio e à música voltaram a queimar em meu coração. 

Não posso esquecer o ano em que decidi tirar alguns projetos pessoais da gaveta, escondidos há mais de 20 anos. 

Não posso esquecer o ano em que meu marido se dedicou com afinco a obras assistenciais e decidiu cantar no louvor da igreja e, mesmo sem perceber, foi inspirando outros. E eu decidi ir junto, mas só em 2021.

Não posso esquecer o ano em que tive que trocar os livros pelas séries, adorei Merlí e Anne, mas já passou, era paixão. Os livros estão de volta.

Não posso esquecer o ano em que meu pais pegaram covid e sobreviveram. 

Não posso esquecer o ano em que me tornei tio avô, Miguel esta à caminho. 


2020 um ano para NÃO esquecer....

Que a vida é esta corda bamba que andamos entre alegrias e dores, inexplicável e bela.

Que a vida é muito mais que o que temos ou produzimos, são os relacionamentos, afetos e presenças.

Que Deus é misericordioso.

E que, em meio ao caos, também podemos enxergar a beleza e a esperança

Respirando. Suspirando. Inspirando.

domingo, 1 de novembro de 2020

UPDATE INFERNAL

Nesta última semana tivemos uma polêmica envolvendo um famoso pastor Batista por causa de um trecho de uma pregação descontextualizada de seu todo. A fatídica pregação aconteceu há uma semana do Halloween e os caçadores de Bruxas e de hereges já estavam a postos e a fogueira da perseguição foi grande. Nada novo debaixo do sol. 

No trecho da mensagem usado para lançar o pastor na santa fogueira da inquisição, a mensagem gira em todos de uma "atualização das escrituras". Ele diz que precisamos como Igreja ter a coragem de enfrentar a legitimação do pecado de violência de gênero em nossa sociedade. Pecado apoiado por uma leitura literal e descontextualizada - temporal e culturalmente - de pequenos trechos das Escrituras. E para que isso aconteça, precisamos atualizar a nossa leitura das escrituras, pois sem isso a Igreja esta fadada a se tornar um "texto morto que descreve um velho mundo e não uma carta viva para o novo mundo'.

Entretanto, os caçadores de bruxas não possuem a sensibilidade para entender, que não é a fala do pastor que está em desacordo com as Escrituras, e sim, seu olhar "prisioneiro do dogma, refém da religião e escravo da teologia" (Pastor Daniel Santos - AQUI) o que é perigoso demais para a fé cristã.

Em toda a Escritura, homens e mulheres são chamados por Deus para se opor a estruturas de poder e lutar pela causa dos oprimidos e marginalizados. E na voz dos profetas, o Espírito de Deus conclama o Dia do Senhor, em que se levantaria Àquele que restauraria a verdadeira religião, descrito na profecia de Isaías 58 e 61 e que tem seu cumprimento em Jesus Cristo.

Jesus, em sua ousadia dizia: "Ouviste o que foi dito, eu porém vos digo", Carlos Mesters (2017) nos explica que "Jesus tem uma atitude de ruptura e de continuidade. Ele rompe com as interpretações erradas que se fechavam na prisão da letra, mas reafirma categoricamente o objetivo último da lei: alcançar a justiça maior que é o Amor".

Ao reinterpretar pontos das Escrituras caros para os religiosos, Jesus favorece a vida em detrimento da Lei e da religião para dar dignidade aos menos favorecidos: comendo e bebendo com pecadores e prostitutas, usando a água da purificação ritual transformando-as em vinho para manter a alegria em um casamento, curando no sábado, abençoando crianças, operando milagres em terra estrangeira, defendendo uma mulher pega em adultério, visitando um cobrador de impostos, tocando leprosos, cegos e endemoninhados, pessoas com hemorragia e mortos. Além de denunciar as estruturas de poder, dominação e corrupção do templo de Jerusalém e das sinagogas, e por isso, foi perseguido e assassinado.

Os primeiros cristãos e Apóstolos, mesmo após o Dia de Pentecoste - onde judeus cheio Espirito falarem em outras línguas e estrangeiros ouvirem em sua linguá materna a mensagem de salvação, creram e foram batizados (Atos 2) - quando a questão da aceitação dos gentios surge, imposições humanas se opõem fortemente ao mover do Espírito. O apóstolo Pedro, mesmo sabendo que Deus o enviara à casa de Cornélio, ainda firmava seu olhar nas regras humanas: "Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo. E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; Atos 10: 28 e 34. E em Jerusalém, Pedro foi recebido com grande reprovação e oposição. 

Mais tarde, alguns "irmãos" pregavam que sem circuncisão os gentios não poderiam ser salvos, estes eram apoiados por alguns fariseus que tinham crido, o que gerou grande discussão e contenda. Reunidos Apóstolos e anciãos da Igreja, passaram a considerar sobre o assunto. Paulo se levanta para lembra-los que "Deus não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé (...) Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também. Atos 15: 9-11" - também são lembrados da situação de Pedro e do que foi dito pelos Profetas, e então decidiram:

Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá. Atos 15:28,29

As escrituras  mostram que este tipo de religioso, avessos a atualização das escrituras, atuam em causa própria para defender um estado de coisas que beneficiam apenas a si próprios e, enquanto criticam e perseguem quem ousa romper com uma religião tóxica, fazem seus updates infernais para manter seu domínio sobre o povo.

"Assim, pois, a palavra do Senhor lhes será mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem e se enlacem, e sejam presos. Ouvi, pois, a palavra do Senhor, homens escarnecedores, que dominais este povo que está em Jerusalém. Porquanto dizeis: Fizemos aliança com a morte, e com o inferno fizemos acordo; quando passar o dilúvio do açoite, não chegará a nós, porque pusemos a mentira por nosso refúgio, e debaixo da falsidade nos escondemos (...) Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído" - Isaías 28:13-15 e 29:13.

E em muitos de seus discursos Jesus conclama o povo a buscar uma justiça maior que aquela pregada pelos religiosos de sua época, pautadas em regras, dogmas e preceitos - "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus." Mateus 5:20, e ainda:

Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los; Mateus 23:2-4

E o que temos visto ainda hoje em nossas igrejas é que alguns, chamados de pastores e mestres da religião, adotam uma postura contrária ao Espirito de Cristo, resistem a graça salvadora e não se atentam aos conselhos do Apóstolo dos Gentios: 

"Tenham cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo (...) Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne. Colossenses 2: 8; 20-23

Querem manter intacta a instituição lucrativa a que chamam de igreja, sua religião e suas doutrinas. Não honram a memória de Cristo nem dos mártires e reformadores da Igreja. Seu Deus é o seu próprio ventre, a sede de poder - falsos profetas, falsos doutores, introduzindo encobertamente doutrinas de perdição, blasfemam do caminho da verdade e por avareza fazem das almas dos homens negócio com palavras fingidas, prometem-lhes liberdade, mas eles mesmo são servos da corrupção (2 Pedro 2:1-3 e 19). Investem fortemente, "percorrendo o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós" e ainda "fecham o Reino dos céus diante dos homens, não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo". (Mateus 23:13 e 15). São anticristos, que conforme sinaliza as escrituras, estão em nosso meio, se levantam e alçam suas vozes como paladinos da justiça, fazendo sinais e maravilhas enganadoras, porém rejeitam o amor e a verdade que os poderiam salvar (1 João 2:18 e 19; 2 Tessalonicenses 2:8-10; Mateus 24:24). 

Porém o Espírito de Cristo em meio a tantas vozes contrárias, sussurra e convida homens e mulheres, com ousadia, para proclamar o Reino de Deus, que não é baseado em mandamentos, regras, preceitos e dogmas, mas sim em liberdade, justiça, paz e alegria no Espírito Santos (Romanos 14:17). Comprometidos com o espirito do Evangelho e com a doutrina dos Apóstolos de não se manter preso a uma tradição e religiosidade fingida, amando de palavra mas negando em atitude e verdade (1 João 3:18). Mantendo acesa a promessa de que o Senhor, matará o anticristo com o sopro de sua boca (2 Tessalonicenses 2:8),.

E assim, esperamos novos céus e nova terra onde habita a justiça (2 Pedro 3:13).


terça-feira, 2 de junho de 2020

DO ALTO DO MEU PRIVILÉGIO

Do alto do meu privilégio de classe média
Vi a pandemia chegar

Meu macroambiente  se reduziu a 53 metros
Meu maior impacto, estar confinado

E da minha janela, de frente para a marginal mais movimentada
Vi os carros minguarem
Vi contratos suspensos
Vi salários reduzirem
Vi empregos acabarem
Vi trabalhadores chorando
Vi gente se desesperar

Do alto do meu privilégio de classe média
Vi gente alheia a tudo isso reclamando
Na minha cabeça, ouvi vozes gritando
- E dai
- É só uma gripezinha
- Todos nós vamos morrer um dia

E no noticiário ouvi
Mil, cinco mil, dez mil,
TRINTA MIL MORTES

Mas não ouvi as mães chorando
Não ouvi os filhos chorando

Mas do alto do meu privilégio de classe média
Me vi angustiado, assustado, desesperançado

Impotente

E me permiti sentir
E me permiti sofrer
E me permiti chorar

O choro de todos os que perderam o ar
Sufocados pelo vírus
Sufocados por joelhos
Sufocados pelo desprezo

Por que  todas as vidas importam.







segunda-feira, 2 de março de 2020

ISSO É O REINO DE DEUS




De todos os povos, tribos, línguas e nações,
foram convocados a mesa de Deus (2X)

Nas trevas fez resplandecer sua luz.
Aos pobres pregou salvação.
Pelo Espírito temos acesso a Deus.
Levantemos mãos santas a Ele.

De todos os povos, tribos, línguas e nações,
foram convocados a mesa de Deus (2X)

Onde Jesus Cristo é o anfitrião.
Lavou nossas vestes e mãos.
Pôs abaixo o muro de separação.
Livre acesso nós temos a Ele.

De todos os povos, tribos, línguas e nações,
foram convocados a mesa de Deus (2X)

Vem, a viúva.
Vem, também o órfão.
Vem, os excluídos.
A mesa está posta.

Vem, o cansado.
Vem, o abatido.
Vem!
Há descanso para o oprimido.

Vem, há justiça.
Vem, há liberdade.
Vem, há alegria.
Isto é o Reino de Deus.

Letra e música: David Santos
Arranjo: William Santos..