Sabe o Mario?
Que Mario?
Aquele que te c$%@u atrás do armário.
Dias atrás me lembrei dessa piadinho muito sem graça e machista, mas muito usada nos anos 80 e 90. Não sei, sinceramente, se ela ainda está em uso, espero que não, mas me fez pensar sobre algumas coisas que queria escrever, mas não sabia como.
Nossa cultura machista, sempre privilegiou os garanhões, ouvia muito: “prendam suas cabras, porque meu bode está solto”. Expressão que valoriza a virilidade masculina, o poder e o direito a se divertir sexualmente em detrimento da mulher, quanto mais garotas o tal garanhão pegasse, em mais alto nível na hierarquia machista ele estaria, contabilizar as virgindades-troféus era e ainda hoje é status.
Mario, era um garanhão, pegava todo mundo, era valorizado, tanto que virou piada. Mas porque Mario ficava tão próximo ao armário?
Deixamos passar despercebido, o móvel que escondia as travessuras idolatradas de Mario. Se o que ele fazia era tão valorizado, não havia necessidade de esconder. Concorda?
Enquanto incentivavam seus filhos a tirar sarro dos maricas, dos boiolas, dos afeminados, das mulherzinhas, a sociedade não percebia que colocavam muitos deles dentro do armário, o armário da humilhação, da vergonha, do medo, da solidão.
Armário este que Mario estava sempre por perto.
Você pode até achar que estou forçando a barra, mas a nossa sociedade e sua mania de moralismo hipócrita, que permite e apóia que o homem domine sexualmente as mulheres, valorizando que ele dê suas escapadinhas dentro e fora do casamento e condenam a mulher emancipada e decidida, que busca o prazer sexual sem se prender aos laços de um relacionamento, criou espécies de pessoas em volta do armário. Temos aqueles que estão dentro do armário, aqueles que saíram do armário, e os Marios.
Os que estão dentro do armário, são aqueles que por medo, família, religião, bullying, e muitos outros motivos, não assumem a sua sexualidade. Vivem presos em seu próprio mundo, escondendo-se de si mesmos.
Os que saíram do armário assumiram sua sexualidade sem medo, vivendo os prazeres e os riscos que essa atitude trás, pois ainda vivemos em uma sociedade machista e moralmente doente, mas preferem os riscos, à infelicidade da hipocrisia.
Mas quem são os Marios?
São homens e mulheres que não assumem sua sexualidade, vivem vidas duplas, estão casados, possuem filhos, enganam e se enganam, e para esconder seus desejos, permanecem atrás, porém bem próximos ao armário. Observam quem entram e sai, fazem uso dos que estão dentro do armário e às vezes dos que estão fora, e de certa forma ficam bem com a sociedade. Não percebem que estão muito mais presos do que os que estão dentro ou completamente fora do armário. Estão presos dentro de uma suporta segurança, numa felicidade de mentira, numa moralidade falsa e o que é pior, muitos destes são os primeiros a apontar o dedo em condenação e julgamento aos outros grupos em volta do armário.
Nunca estive dentro do armário, acredito que não deva ser uma sensação agradável, uma vez que é escuro e roupas guardadas por muito tempo não possuem um cheiro agradável, além de que, deve ser muito ruim, ficar escolhendo com que roupa sair todos os dias, com a finalidade esconder aquilo que realmente se quer mostrar. Também nunca fui um Mario, o que deve ser também muito desagradável, viver sempre com a mesma roupa apertada, incômoda e fora de moda.
Bom mesmo é usar roupas leves, confortáveis, que nos permitam movimentar-se com liberdade.
"Porque a verdadeira culpa é, essencialmente, você não ousar ser você mesmo. É o medo do julgamento dos outros que nos impede de sermos nós mesmos, de nos mostrarmos tal como somos, de manifestarmos nossos gostos, desejos e convicções, de nos desenvolvermos, de nos expandirmos segundo a nossa própria natureza, livremente." - Do livro "Culpa e Graça" de Paul Tournier.
Pense nisso!
Que Mario?
Aquele que te c$%@u atrás do armário.
Dias atrás me lembrei dessa piadinho muito sem graça e machista, mas muito usada nos anos 80 e 90. Não sei, sinceramente, se ela ainda está em uso, espero que não, mas me fez pensar sobre algumas coisas que queria escrever, mas não sabia como.
Nossa cultura machista, sempre privilegiou os garanhões, ouvia muito: “prendam suas cabras, porque meu bode está solto”. Expressão que valoriza a virilidade masculina, o poder e o direito a se divertir sexualmente em detrimento da mulher, quanto mais garotas o tal garanhão pegasse, em mais alto nível na hierarquia machista ele estaria, contabilizar as virgindades-troféus era e ainda hoje é status.
Mario, era um garanhão, pegava todo mundo, era valorizado, tanto que virou piada. Mas porque Mario ficava tão próximo ao armário?
Deixamos passar despercebido, o móvel que escondia as travessuras idolatradas de Mario. Se o que ele fazia era tão valorizado, não havia necessidade de esconder. Concorda?
Enquanto incentivavam seus filhos a tirar sarro dos maricas, dos boiolas, dos afeminados, das mulherzinhas, a sociedade não percebia que colocavam muitos deles dentro do armário, o armário da humilhação, da vergonha, do medo, da solidão.
Armário este que Mario estava sempre por perto.
Você pode até achar que estou forçando a barra, mas a nossa sociedade e sua mania de moralismo hipócrita, que permite e apóia que o homem domine sexualmente as mulheres, valorizando que ele dê suas escapadinhas dentro e fora do casamento e condenam a mulher emancipada e decidida, que busca o prazer sexual sem se prender aos laços de um relacionamento, criou espécies de pessoas em volta do armário. Temos aqueles que estão dentro do armário, aqueles que saíram do armário, e os Marios.
Os que estão dentro do armário, são aqueles que por medo, família, religião, bullying, e muitos outros motivos, não assumem a sua sexualidade. Vivem presos em seu próprio mundo, escondendo-se de si mesmos.
Os que saíram do armário assumiram sua sexualidade sem medo, vivendo os prazeres e os riscos que essa atitude trás, pois ainda vivemos em uma sociedade machista e moralmente doente, mas preferem os riscos, à infelicidade da hipocrisia.
Mas quem são os Marios?
São homens e mulheres que não assumem sua sexualidade, vivem vidas duplas, estão casados, possuem filhos, enganam e se enganam, e para esconder seus desejos, permanecem atrás, porém bem próximos ao armário. Observam quem entram e sai, fazem uso dos que estão dentro do armário e às vezes dos que estão fora, e de certa forma ficam bem com a sociedade. Não percebem que estão muito mais presos do que os que estão dentro ou completamente fora do armário. Estão presos dentro de uma suporta segurança, numa felicidade de mentira, numa moralidade falsa e o que é pior, muitos destes são os primeiros a apontar o dedo em condenação e julgamento aos outros grupos em volta do armário.
Nunca estive dentro do armário, acredito que não deva ser uma sensação agradável, uma vez que é escuro e roupas guardadas por muito tempo não possuem um cheiro agradável, além de que, deve ser muito ruim, ficar escolhendo com que roupa sair todos os dias, com a finalidade esconder aquilo que realmente se quer mostrar. Também nunca fui um Mario, o que deve ser também muito desagradável, viver sempre com a mesma roupa apertada, incômoda e fora de moda.
Bom mesmo é usar roupas leves, confortáveis, que nos permitam movimentar-se com liberdade.
"Porque a verdadeira culpa é, essencialmente, você não ousar ser você mesmo. É o medo do julgamento dos outros que nos impede de sermos nós mesmos, de nos mostrarmos tal como somos, de manifestarmos nossos gostos, desejos e convicções, de nos desenvolvermos, de nos expandirmos segundo a nossa própria natureza, livremente." - Do livro "Culpa e Graça" de Paul Tournier.
Pense nisso!