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segunda-feira, 4 de abril de 2016

MATURIDADE: MEU CORPO MINHAS REGRAS

Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo; Mas está debaixo de tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo. Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei para  remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo. - Gálatas 4:1-7

Como já vimos nos dois primeiros textos sobre o tema maturidade, entendemos que a maturidade, não está relacionada ao tempo de vida, mas sim, às experiências vividas no tempo. E no texto acima Paulo descreve que, Deus aguardou até a plenitude dos tempos, para revelar-se de uma forma totalmente nova e diferenciada. Deus em sua sabedoria aguardou pacientemente para que Israel aprendesse com todas as experiências dolorosas que sofreu, que Deus é bondoso e amoroso.

Paulo, nos dá um relato simples, mas simbólico do processo de maturidade que passou a humanidade, do seu tempo de menino sob tutela até a maturidade:

1. Infância: Adão e Eva por ter uma visão equivocada do mundo e de Deus:

Como crianças mimadas enganadas pelos presentes que ganham, ao se verem num jardim criado para eles, acreditaram que deveriam ter tudo, inclusive ser "como Deus" - conhecedores do bem e do mau e tomaram da árvore que Deus havia dito que pertencia a Ele.

"Deus não nos ama e esta pronto para nos punir, por isso, devemos fazer tudo para não deixá-lo mais zangado que já é".

2. Escola: É o período dos patriarcas, juízes, reis e profetas. Onde a Lei é dada, pois a criança precisa de balizadores para seu comportamento, o faça assim e não assim é imprescindível para mantê-las em disciplina. Porém já era dado indícios da necessidade de pensarem por si só. 

"De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados". - Gálatas 3:24

3. Plenitude dos tempos: Em Jesus, Deus desfaz todo o equivoco sobre sua imagem de velho rabugento e irado, e mostra toda a sua face amorosa, adotando toda a humanidade como filhos legítimos, pelo Espirito que clama Aba-Pai!

A plenitude dos tempos, é este tempo de maturidade, onde regras e preceitos não são mais necessários, e sim, uma nova forma de viver e encarar o mundo. É como se Cristo estivesse reivindicando: "MEU CORPO, MINHAS REGRAS".

Em várias referencias dos evangelhos, Jesus se utiliza de uma frase aparentemente simples, mas repleta de simbolismo: "Eu porém vos digo"; Antes de apenas simbolizar que com sua morte e ressurreição, a Lei seria cumprida e por isso abolida (Romanos 10:4), Jesus chama a atenção do povo para uma espiritualidade mais profunda, isto é, que excedesse o legalismo excessivo dos escribas e fariseus que priorizavam a lei antes da vida (Mateus 5:20). O que é também testificado pelo autor da carta aos Hebreus:

Porque se aquela primeira - Lei - fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda (...) Porque repreendendo-os lhes diz: (...) estabelecerei uma nova aliança (...) porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei (...) porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e prevaricações não me lembrarei mais. Dizendo nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar. - Hebreus 8:7-13

A obra que estava por ser realizada por Jesus, por meio de sua morte e ressurreição, estabeleceria um novo tempo, onde não caberia legalismos, e sim, uma fé que atua pelo amor, pois o amor é o cumprimento da Lei. (Romanos 13:10).  


4. Meu corpo, minhas regras: Mesmo após o clamor do Espirito Santo a Pedro para este entendimento, de que em Jesus até os gentios seriam salvos pela fé, sem as obras da lei (Atos 10 ), e não havendo entendimento por ele, mas dissimulação; Paulo entende que foi chamado para evangelizar os gentios (Gálatas 2). E a partir de então, nos chama ao despertamento para esta nova realidade. Em diversos trechos de suas cartas, ele convoca a igreja, a vivenciar esta maturidade, a deixar de lado os preceitos de homens e experimentar a nova vida em Cristo.

"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor" - Efésios 4:11-16

Paulo nos desafia a uma experiência de fé, em comunidade e em amor, sinalizando que nosso crescimento espiritual virá desta experiência até que cheguemos a estatura de Cristo, devendo então, buscar ardentemente o alimento espiritual necessário para isto.

A questão é, onde se perdeu toda esta busca por maturidade solicitada por Paulo que o faz clamar:  "Quem vos fascinou insensatos Gálatas, para não obedecerdes a verdade (...) tendo começado pelo espírito, acabeis agora pela carne?".

1. Na negligencia do homem com as coisas espirituais.

"Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os adultos, os quais, em razão da prática, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal." - Hebreus 5:11-14

O autor da carta inicia dizendo que tem mais a falar sobre a obra de Cristo, coisas mais profundas, entretanto o povo era negligente ao ouvir. Isto é, não davam a devida importância ou atenção, eram preguiçosos e desleixados no ouvir a palavra, e isso impossibilita o crescimento da fé. "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Romanos 10:17). Paulo, ainda afirma em Romanos 10 que, por desconhecerem a justiça de Deus, procuramos estabelecer nossa própria justiça, negando a justiça que vem de Cristo. O motivo de tal debilidade era consequência direta de serem ouvintes tardios em colocar em pratica a palavra de Deus. "Tornai-vos pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos, a vós mesmos" (Tiago 1:19-27)

Paulo afirma que cristão criança, imaturo, é ainda um cristão carnal, egoísta, que busca seus próprios interesses e vontades. Como já vimos, são pessoas que tem incapacidade de se aprofundar nas verdades bíblicas, é levado por doutrinas humanas, demostra desinteresse pelas coisas espirituais, tem temperamento sensível, se ofende por qualquer motivo, e quer tudo a seu modo, sendo apenas espectador e não ativo na igreja.

2. Disposição para buscar apenas o que é do próprio interesse:

"Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas" - 2 Timóteo 4:3-4

Quantas religiões, igrejas e teorias teológicas existem? Quantas surgem a cada dia? Nada disso é novo ou não foi previsto. O próprio Jesus afirmou que surgiriam falsos cristos e que enganariam a muitos.

Perdemos a capacidade de discernir o Espirito de Deus, pois aquilo que soa agradável aos nossos ouvidos e interesses do coração, se tornam instantaneamente "verdade". Porém a verdade nos confronta em nossa identidade, em nosso caráter, em nossos afetos, livrando-nos do engano de que somos perfeitos e plenos. 

Paulo quando fala de maturidade, trata de comportamento e disposições afetivas e mentais, ele fala de maturidade com as lentes do amor, com um único propósito, que Cristo seja o cabeça.

"O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" - Efésios 4:14,15

Pensei nisso!!