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sábado, 30 de março de 2013

E SE ALGUÉM ACENDER A LUZ?




“E se alguém acender a luz?”, com esta pergunta Elienai Cabral Junior, nos leva a reflexões sobre como reencantar-se com a fé, desiludindo-se com crenças.  

Um titulo que nos remete a quebra de paradigmas, a reforma, ao novo. Basta uma rápida olhada no índice e você terá uma amostra do que te espera. Com capítulos intitulados de “Porque os evangélicos são tão crentes, mas tão feios?” e “Só os preconceituosos herdarão o reino de Deus” você pode esperar por um livro contundente, revolucionário, sensacionalista. Um tratado contra as loucuras evangélicas atuais.

Alguns desavisados poderão julgar o livro pela capa e achar que para se ter um fé renovada, para se reencantar com a fé como propõe o autor, seja necessário jogar fora “tudo” o que já se tenha aprendido, e ainda mais, ter todas as crenças primarias como mera ilusão. Já ouvimos este discurso dias atrás, no inicio do movimento G12 no Brasil. E o que aconteceu? NADA! Acredito que aprofundamos o abismo de heresias em nosso meio.

Mas o livro é mais que isso, alias não é nada disso...

Nas primeiras páginas, me imaginei lendo uma dissertação de mestrado. Palavras e termos difíceis para o cristão médio. Cita-se pensadores e elucidam-se argumentos. Mas o que toma conta do livro é a poesia, nas palavras de Fernando Pessoa, Adélia Prado e Drummond. Músicos como Chico Buarque, Lenine e Gilberto Gil fazem parte do que chamo de uma escrita simples, poética e apaixonada. Concordar com o que se diz, é o mínimo que se pode fazer.

Um capitulo emocionou-me sobremaneira “Meu pentecostalismo Revisitado” acredito ser este o mais biográfico do livro: o chamado pastoral ainda na infância, a expulsão do seminário, as experiências de quem conhece os bastidores do poder evangélico, decepcionante, sim, mas ajudaram-no a escolher o caminho a ser trilhado.

Assim, Elienai elucida o motivo da existência deste livro, que, acredite, passa longe de ser um livro revolucionário, no sentido de apenas confrontar os dogmas, doutrinas, e modo de vida evangélico do momento, e trazer uma nova revelação; também passa longe de ser sensacionalista, aproveitando o momento, para "chutar cachorro morto". O livro é muito mais que isso.

É contundente e revolucionário, por trata-se de um chamado àquilo vemos em Cristo, um chamado ao que é belo, simples e humano, e por isso divino.

É um holofote clareando o interior e revelando a busca por uma espiritualidade sadia. 

E se alguém acender a Luz? 
Desiludir-se com crenças, reencantar-se com a fé. 
Doxa e Fonte Editorial 
181 páginas

sexta-feira, 22 de março de 2013

ESTRANHO DESENCONTRO



São Paulo, Segunda-feira, estação Penha do metrô. Quem viaja com este transporte público sabe bem como são as segundas-feiras, a situação piora muito em dias chuvosos. E era um dia assim.

Ela costuma pegar o trem vazio que passa entre as 7h45 e 8h10. Ao olhar para o relógio, percebeu que marcavam 8h20 e não podia chegar atrasada ao trabalho, uma reunião com cliente a aguardava. Esperou apenas um trem onde houvesse um espaço para se acomoda, quase impossível em dias como este.

Ele, que tinha fama de atrasado, entrou no primeiro trem que passou isto, duas estações antes. Estava a procura de emprego e teria uma entrevista, a vaga era boa e estava muito ansioso.

Não ficaram próximos, estavam em lados opostos, mas duas estações depois foram obrigados a se encontrar.  O empurra-empurra os colocou frente a frente.

Ela envergonhada colocou a mochila a frente do corpo, como para se defender, mantendo uma distancia segura. Pensava: “ele é lindo, mas nunca se sabe”. Dava para ver no olhar dela que estava sem graça. Ele, também colocou a mochila que carregava a frente do corpo, como que dizendo: “sou um bom rapaz”.

A medida que o trem enchia, mais se aproximavam, e a situação ficou muito chata. Ele também a achou linda, mas não tinha coragem de olhá-la. Com a cabeça erguida contemplava o teto, respirava fundo, então sentia um doce perfume e pensava: “preciso falar com ela”, mas tinha medo, quando ansioso demais, gaguejava um pouco.

Ela era conhecida como uma menina forte, decidida, idealista. Dele, os amigos brincavam dizendo que esperava a princesa chegar num cavalo branco.

E assim, passaram-se 20 minutos de viagem, desconcertados.

O maquinista anunciou a próxima estação, era onde ele desembarcaria, ela desceria duas depois. As portas se abriram e o empurra-empurra recomeçou. Estação Sé, sempre assim.

Ela ficou olhando para ele enquanto desembarcava, quase extasiada. Ele deu alguns passou, parou, esperou a multidão passar e olhou para trás. Pela primeira vez seus olhos se cruzaram. Foram apenas 5 segundos, que parecera uma eternidade. Acordaram com o apito informando que as portas se fechariam.

Ela abaixou a cabeça e perguntou-se: “Porque minha mãe sempre me amedrontou para não falar com estranhos?”. Ele, atrasado, correu para a entrevista, passou, naquele dia, ele não gaguejou.

Dizem que agora, ela não espera mais o trem vazio, pega o primeiro que passar, sempre as 8h20. Ele faz um percurso mais longo de ônibus para pegar o trem na estação Penha, mas nunca mais se encontrara....até hoje.

sábado, 2 de março de 2013

QUERER



Quero um livro para ler.
Quero água pra beber.
E a sombra de uma árvore.

Quero sol, quero brisa.
Quero o cantar dos pássaros.
Quero no tempo um espaço.

Pra te amar sem desespero.
Pra te amar com mais tempero.
Pra te amar e ser amado.

Quero vida pra viver.
Quero ser e também ter.
Tempo de querer e aproveitar.
O querer que conquistar.