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domingo, 27 de janeiro de 2013

VIVER SEM TEMPO



Janeiro, 27, Domingo, dezenove horas e quatro minutos, os segundos, já passaram. E é assim que contamos o tempo, dividindo-o em várias frações, frações estas que como na matemática, são terríveis, angustia para nossa alma.

O passado que não passou, vive nos torturando: Porque fiz isso ou porque deixei de fazer?

O futuro que não chegou e nem chegará, nos tira o sono, deixa-nos preocupados, ansiosos, temerosos. O que será?

E o presente, este que não aproveitamos. Porque será que se chama assim? Presente é pra curtir, desembrulhar fazendo barulho, pra se divertir. Um presente novo é pra fazer esquecer todos os outros já ganhados e não desejar mais nada, apenas que a pilha não acabe.

O tempo marca que estamos envelhecendo, mas não marca as marcas de tudo o que aprendemos, experimentamos e vivemos. O tempo passa, mas não deixa passar as marcas que as tristezas da vida nos deixaram. O tempo corre, o tempo voa, mas não como as panteras ou como os pássaros, com beleza e maestria, ele corre e voa para nos lembrar de que não há tempo.

Já diriam as crianças, tem hora pra tudo, menos hora de brincar. Acabemos então com o tempo!

Viver sem tempo, é dedicar-se ao agora, ao já, até que o sono chegue para fazer do amanhã, hoje - um novo presente.

TALMIDIM

Talmidim - O passo a passo de Jesus, são 365 meditações, baseadas na série de mesmo nome para o youtube, série esta, que já ultrapassam aos 1.500.000 acessos. Só por isso você já pode perceber o que te espera. Porém eu sou destes que não sabem esperar. Sinceramente não gosto de livros "devocionais", se a mensagem é boa, quero mais é ler, mesmo que seja necessário reler depois, para absorver mais do conteúdo.  Por isso saibam que já estou na mensagem 174, quando deveria estar na 28. 

Mas para quem curte livros devocionais, existe um plus, que é acompanhar também pela internet no celular ou table, os vídeos de cada assunto, por meio do QR Code.Assim você pode ler, e depois assistir os videos onde estiver.

De todas as mensagens lidas, a que mais de chamou a atenção chama-se On-Off (número 131), que transcreverei uma parte, mas deixarei o vídeo para que assistam.

"A igreja de Jesus tem esse privilégio e essa responsabilidade de atravessar a história discernindo culturas e contextos sociais e interpretando de que maneira, em nossos dias, podemos viver em obediência a vontade de Deus. A prerrogativa de ligar e desligar jamais é individual - é coletiva, comunitária. Assim como costumes culturais mudam, também as aplicações dos valores e da ética do reino de Deus mudam. As comunidades dos talmidim de Jesus têm nas mãos as chaves do reino. Elas podem e devem atualizar a vontade de Deus para cada nova geração." [On-Off, meditação 131, página 137]




domingo, 6 de janeiro de 2013

MAIS DO MESMO, DIANTE DO TRONO DA TV

Quem nunca pecou que atire a primeira pedra! Quem, evangélico neopentecostal que seja, nos idos anos 90, não sonhou com a ascensão evangélica e não comungou do seu desejo de estar na televisão.

Éramos então minoria inexpressiva e que como negros, e mais atualmente os homossexuais; buscavamos lugar na sociedade, sem sermos discriminados por nossa maneira de viver. Queriamos igualdade!

Porém a ânsia por dominar essa mídia, que outrora, era tida como a imagem da besta, fez com que igrejas adquirissem canais de televisão e outras comprassem horários em alguns canais da TV aberta. E o que transmitir além dos cultos? Nas TVs próprias, passaram a nos entupir dos enlatados gospel americanos. Tidos com exemplo, descaracterizaram o evangelho tupiniquim, tivemos como "inovadora" a teologia da prosperidade e então, passamos a imita-los em todo o conteúdo produzido, fazendo o mesmo nos horários comprados. 

Naquela época a TV Globo fez uma serie de investigações a respeito da igreja que mais crescia no pais e que detinha madrugadas inteiras em vários canais para transmitir seus cultos e programas. Seu líder é preso devido às muitas acusações. Perseguição? Não sabemos. Foram anos de deserto, nos escondemos como que acuados, mas ainda assim, estávamos sendo forjados para aquilo que nos falaram os "profetas". Mas há refrigério em meio ao deserto.

Quem nos seus 30 anos ou mais, nao vibrou, chorou, se emocionou, vendo a aparição, da então menina, Aline Barros no programa da Xuxa cantando "Consagração", um verdadeiro culto, no programa daquela que acusávamos de ter vendido a alma ao diabo. Era porta necessária para que evangélicos pudessem adentrar as portas do reino da TV brasileira. Até que em um dia especial, Aline canta: Xuxa, minha rainha...foi a gota d'água.

Edir Macedo compra a Rede Record, aleluia! Lideres evangélicos acreditam que ele a transformaria em uma rede aberta de evangelismo, cederia horários às igrejas. Ganhar o Brasil para Jesus estava mais perto. Porém as intenções dele, ao menos ao que parece, eram outras: destruir o imperio da TV Globo.

Surge então um novo ícone na TV evangélica brasileira, Sonia Hernandes, a primeira mulher numa esfera que até então era dominada por homens. Fontes não seguras dizem que a partir dai, passamos a adotar o termo "gospel". A revolução estava sendo preparada, mas seus protagonistas volta e meia eram notícias - de charlatão a perua gospel. Noticiavam seus feitos, enriquecimento i-licito, o crescimento exponencial de suas igrejas, e também escândalos, suspeitas de lavagem de dinheiro, formação de quadrilhas, etc.

Em meio a toda essa bagunça, a igreja crescia e saia de uma posição inexpressiva, para uma posição de destaque social, com poder de decisão política. Artistas, esportistas, jogadores de futebol, ricos, famosos e decadentes, vinham a publico para testemunhar que haviam "encontrado Jesus". Ser evangélico agora era chique, era cool, surgiam as igrejas da moda. 

Após algum tempo fora da TV, ressurge na TV Record de Edir Macedo, o apresentador Raul Gil, com seu "Quem sabe canta, quem não sabe dança", e muitos evangélicos foram até lá para mostrar o que sabiam, e onde mais queriam chegar. Fama? Quem sabe. Forçado pela demanda e talvez por mais alguém, Raul Gil abre seu programa para cantores evangélicos consagrados. "A revolução dos humildes" como dizia seu Raul estava deflagrada.

A Band uma das maiores emissoras do pais, abre seu horário nobre para o Show da Fé de R.R Soares. Silas Malafaia com sua veemência, adquirindo mais e mais horários na TV, torna-se ícone, quase um Billy Graham brasileiro, sendo chamado para aconselhar o governo em muitas de suas decisões. Aparece então, do nada, Valdomiro Santiago com uma mega igreja, que ninguém viu crescer. Mais polemicas, mais programas de TV. E a disputa passou a ser de quem pagava mais para ter mais horários na TV.

Então o grande dia chegou, o dia em que a maior emissora de TV brasileira, novamente abriria suas portas, é o cumprimento da promessa: Os evangélicos na Globo.

Não entrarei no mérito da jogada financeira das Organizações Globo, em investir no segmento fonográfico evangélico, que não viu a crise que abateu a música no mundo todo. A Som Livre, cria selo gospel, e passa a distribuir logo de cara, os CDs e DVDs do maior nome gospel da atualidade: Diante do Trono. Cria o Festival Promessas e... “Mãe to na Globo!!”

Chegamos lá, alcançamos o tão sonhado trono.
E o que temos a oferecer?

O profissionalismo que buscamos, além do aperfeiçoamento da qualidade para glória de Deus, também tem uma pitada da vingança nossa de cada dia. Nos fez melhores, porém iguais, somos mais do mesmo.

Somos iguais a vários artistas não evangélicos que estão ai. Artistas-pastores sem conteúdo, vendidos ao mercado da música.

Oferecemos: festivais, musicais, shows; temos carreira, turnê e uma preocupação exagerada com a imagem, agora gordinhos não tem vez, e o caráter? Sem falar no comércio de canções que vendem, porém são todas ungidas.

Comemoramos que chegamos lá, temos espaço. Mas para que? Estar lá não significa que estamos fazendo algo de relevante.

O que estamos transmitindo? Somos iguais a vocês, somos bonitos, cantamos bem, podemos estar na TV e fazer música apenas para entretenimento e ganhando bem pra isso, já que nosso mercado não tem crise “ele tem Cristo” – risos (de vergonha).

Hoje somos uma parcela expressiva da sociedade, porém sem expressividade cultural ou social. A expressividade política, em sua maioria é corrupta, e nada faz para mudar a terrível imagem de violência e desigualdade do nosso país.

Nossa presença não mudou para melhor o conteúdo da TV brasileira, e sendo profeta de calamidade, não creio que mudará, se continuarmos a aproveitar o espaço que nos é dado, apenas para vender CD ou promover a “minha igreja” que é melhor que a do vizinho. 

Após nós, bundas e peitos continuarão sendo mostrados e nossos programas, continuarão sendo como comerciais de cerveja, vendendo ilusão, mas sem o mesmo sabor.

Deus nos perdoe por sonhar sonhos malucos.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

OSTRA FELIZ NÃO FAZ PÉROLA

"Ganhei este livro de amigo secreto, foi minha ultima leitura em 2012. Fechei com chave de ouro, trata-se de uma obra prima. Abaixo a resenha que mais se aproxima do que senti com este livro".

O resgate de tudo o que é singelo. A luta pela felicidade em vida. A revolta por tudo aquilo que, embora lógico, não faz sentido (e, ainda assim, é aceito!). A palavra que é sentida pelo coração. Uma árvore, uma horta, uma amizade, a arte, Deus, Inferno, milagres, morte – todos eles ganham uma nova (ou seria mais honesta?!) dimensão em Ostra feliz não faz pérola, de Rubem Alves. 

Dividido em onze capítulos temáticos (Caleidoscópio, Amor, Beleza, Crianças, Educação, Natureza, Política, Saúde Mental, Religião, Velhice e Morte), o livro é uma coleção de recortes que abordam o viver por diversos prismas.

Cada uma das partes, por sua vez, é composta por pequenos textos – fragmentos do próprio Alves, trechos e citações que o inspiraram, seja na literatura, na música ou de pessoas do cotidiano do autor.

A reflexão que nomeia a obra já nos dá um aperitivo da poesia disfarçada de prosa que compõem todo o livro e que nos delicia a cada página. A escrita, de forma delicada e sincera, é uma verdadeira conversa com todos os leitores. Prosa mineira, taciturna, que sempre percebe o que há de bom, de melhor, de lindo, sem abandonar as suas convicções. 

E por falar em convicções, a leitura de Ostra feliz não faz pérola deve ser feita com o coração aberto. Aberto aos novos e distintos pontos de vista. As visões do Rubem Alves psicanalista, filósofo e teólogo se fundem, gerando conceitos educacionais e religiosos que se diferem daquilo que a maior parte das pessoas está acostumada. Se assim você o fizer, conseguirá pensar em como você mesmo vê o mundo e quais são suas opiniões sobre ele. 

Posso afirmar que o livro é um primor que nos conduz a uma celebração da vida. Sem dúvida, uma obra digna de ser lida, relida, dessas que deixamos em nossa cabeceira, sempre à mão!

Livro: Ostra feliz não faz pérola
Autor: Rubem Alves
Páginas: 280
Editora: Planeta
Sinopse: O autor define seu livro: “Pessoas felizes não sentem necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou arte, surge sempre de uma dor. Não é preciso que seja uma dor doída. Por vezes, a dor aparece como aquela coceira que tem o nome de curiosidade. Este livro está cheio de areias pontudas que me machucaram. Para me livrar da dor, escrevi”.

Resenha de Fernanda Rodrigues, bacharela em Letras (Português e Inglês) e estudante do curso de Formação de Professores na USJT. Além de ser professora de Língua Inglesa, é louca por assuntos que envolvam a Literatura, as demais artes e o processo de ensino e aprendizagem. Escreve no Algumas Observações, no Escritos Humanos, no Teoria, Prática e Aprendizado e no Barbie Nerd.

Você encontra este texto no: Nosso Clube do Livro - http://nossocdl.blogspot.com/ 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

DESOBRIGAÇÕES



Hoje pela manhã, desfazendo as malas da viagem de final do ano, percebi o quanto mudei desde que passei a morar sozinho. Como seres humanos, temos que mudar, adaptar-nos, e isto é uma obrigação na vida, desde o momento de nosso nascimento: desmamar, andar, falar, nos limpar, amarrar o cadarço do tênis. Mudanças que se tornam obrigações, e deixam de ser momentos prazerosos, sinônimos de crescimento, amadurecimento e liberdade, e tornam-se hábitos, ações mecânicas das quais nem nos damos conta.

Minha última postagem em 2012 foi no dia 15 de novembro. Desde que comecei o Blog nunca havia ficado tanto tempo sem escrever. Deixar de rabiscar, rascunhar, idealizar, poetizar, isso nunca, minha mente é um turbilhão, mas odeio “obrigações”.

Onde estive este tempo? Vivendo.

A vida já é tão cheia de obrigações, para que incluir mais algumas na lista?  Apesar de algumas serem essenciais, não devemos ceder às outras, como cedemos á números de pedidos em restaurantes fast-food: “peça pelo número” - Não!! Quero fazer as minhas escolhas: adoçar, salgar e até mesmo apimentar minha vida, como nas receitas da Dona Ofélia: “à gosto!”.

Se somos obrigados a trabalhar, que sejamos então, desobrigados a sofrer com o trabalho. Que possamos trabalhar com algo que gostamos, que nos dê prazer, e nos dê dinheiro, não muito, mas o bastante para termos uma vida agradável e segura. E isto é só um exemplo.

Desobriguei-me da obrigatoriedade de escrever, desobriguei-me de ter internet em casa, desobriguei-me de acessar diariamente as redes sociais, desobriguei-me do conforto da casa dos maus pais. Desobriguei-me de me ocupar, para aproveitar este momento de mudança, para aproveitar a mim e uma solidão não obrigada, e sim escolhida. Eu não queria que esta mudança se tornasse uma obrigação, não queria que fosse dolorida ou traumática.

E para quem diz, e a obrigação de limpar a casa, de fazer comida, de lavar a roupa e até mesmo de pagar as contas, essas coisas chatas de morar só, eu digo: Me desobriguei. Mas me obriguei a manter à casa limpa, a continuar me alimentando de forma adequada. Me obriguei a cuidar das minhas roupas e a zelar por mim, pagando as contas daquilo que é meu, e que foi a conquista de um sonho.

“Bom dia! – Disse o Pequeno Príncipe.
- Bom dia – disse o vendedor.

Era um vendedor de pílulas especiais que saciavam a sede. Toma-se uma por semana e não é  mais preciso beber.

- Porque vender isso? Perguntou o principezinho.
- É uma grande economia de tempo – disse o vendedor. – Os peritos calcularam. A gente ganha cinquenta e três minutos por semana.
- E o que se faz com esses cinquenta e três minutos?
- O que a gente quiser...

- Eu, pensou o Pequeno Príncipe, se tivesse cinquenta e três minutos para gastar, iria caminhando calmamente em direção a uma fonte...”